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Silmarillion tem razão no seu comentário das 20:08.
São Julião Hospitalário torna-se popular apenas após 1260 ou 1275, com a divulgação da "Aura legenda" de Jacobus de Voragine. Substitui praticamente todos os São Julões anteriores a partir do séc. XV.
Entre os São Juliões páleo-cristãos os mais importantes são:
- Juliano & Basilissa, que se ajustam a lugares de estalagem ou abrigo de passantes e peregrinos.
- Juliano de Antíoquia,orago de vaus de rios
(notas sobre isto no meu artigo http://www.celtiberia.net/articulo.asp?id=1310).
De qualquer modo, no Minho (Galaecia setentrional) o culto dos lares compitales converteu-se geralmente no culto das "alminhas", isto é, num sincretismo directo sem mediação hagiológica.
Silmarillion tem razão no seu comentário das 20:08.
São Julião Hospitalário torna-se popular apenas após 1260 ou 1275, com a divulgação da "Aura legenda" de Jacobus de Voragine. Substitui praticamente todos os São Julões anteriores a partir do séc. XV.
Entre os São Juliões páleo-cristãos os mais importantes são:
- Juliano & Basilissa, que se ajustam a lugares de estalagem ou abrigo de passantes e peregrinos.
- Juliano de Antíoquia,orago de vaus de rios
(notas sobre isto no meu artigo http://www.celtiberia.net/articulo.asp?id=1310).
De qualquer modo, no Minho (Galaecia setentrional) o culto dos lares compitales converteu-se geralmente no culto das "alminhas", isto é, num sincretismo directo sem mediação hagiológica.
Desejo dar uma pequena contribuição para este tema, tão interessante, que consiste na implantação cartográfica dos 372 topónimos portugueses que cumprem uma das regras de sufixação.
Excluo os topónimos transparentes do português moderno.
O resultado pode ver-se no " Mapa dos Topónimos Suevos em Portugal", nas IMAGENS, secção MAPAS FILOLÓGICOS
Mirobriga,
Eis alguma bibliografia sobre o tema, com figuras:
Mário Varela Gomes e J. Pinho Monteiro
1977 "As rochas decoradas da Alagoa (Tondela-Viseu)" in O Arqueólogo Português, Série III vols, VII-IX, D.G.P.C. Museu Nacional de Arqueologia, Lisboa 1974-77, p. 145-164
Leite de Vasconcelos
1897 Religiões da Lusitânia, I, I.N.-C.M., Lisboa (ed. 1988), p. 351-390
Muito obrigado pelas suas gentis palavras, que me dão muita força, assim como pela extraordinária informação do seu comentário.
Estou interessadíssimo em saber mais sobre os temas que me revela. Será que me pode enviar uma lista bibliográfica? Ou para aqui ou para mail@arqueotavira.com, conforme desejar.
Estou neste momento a escrever sobre a festa do dia de Maio e as suas raízes antigas no Sul de Portugal e penso que a celebração da Candelária-Santa Brígida-São Brás-Imbolc-Candlemas pertence ao mesmo calendário ritual das Maias-Dia de Santa Cruz-Ascensão de Maria-Beltane-Valpurgis, embora a primeira tenha um manifesto carácter pecuário enquanto que a segunda tem um carácter agrícola mas também fortemente ctónico.
Em Portugal não há um único topónimo relativo a Santa Brígida !!!
Em contrapartida há 101 referentes a São Brás e 7 à Senhora das Candeias. Algumas das Senhoras da Luz comemoram-se igualmente a 2 de Fevereiro.
O único santuário de Santa Brígida que detectei é o do Lumiar.
O sempre surpreendente Leite de Vasconcelos descreve a sua origem e ritual (Etnografia Portuguesa, vol. VIII, Imprensa Nacional, Lisboa 1982, p. 135-140), transcrevendo uma notícia de jornal, de 1909:
"Realiza-se no dia 2 de Fevereiro, na paroquial de S. João Baptista do Lumiar, a tradicional festa de Santa Brígida... Em volta da igreja ... tem igualmente lugar a feira de gado.
A igreja de S. João Baptista ... foi construída no reinado de D. Afonso III [1248-1279].
... D. Diniz [1279-1325] ... conseguiu obter parte do crânio de Santa Brígida, que, segundo a tradição, foi pastora na Irlanda e considerada como protectora dos animais.
Vieram, pois, da Irlanda três indivíduos ... trazer ... a relíquia da santa, ... que se conserva num pequeno cofre de prata e cristal, e o qual se coloca no dia de festa consagrado a Santa Brígida.
...
Tinham por uso e costume ... conduzirem os seus gados ao largo da igreja, e, depois de aspergidos pelo respectivo pároco com água benta, davam com os rebanhos três voltas em redor da igreja, para que ficassem, como diz a tradição, livres de "quebranto" e do "mau olhado".
...
Na igreja recebem-se promessas e vendem-se registos da Santa, e rolo de cera [velas com pavio], que os pastores enleiam nas hastes dos bois ou no pescoço dos cavalos... [idem com fitas de várias cores]."
Creio que a fundação dependeu apenas das idiossincrasias do rei D. Dinis, muito culto, de família borgonhesa e conhecedor das modas religiosas da aristocracia anglo-francesa ligada às cruzadas. A consagração a Santa Brígida e a valiosa relíquia permitiram a manutenção até ao séc. XIX de um culto pecuário manifestamente anterior, apesar das numerosas proibições da igreja contra as "bençãos" do gado (ainda no séc. XVII no Algarve).
O ritual descrito para o Lumiar é o existente em muitos outros lugares para São Brás, a Senhora das Candeias e a Senhora do Verde, entre outros.
Penso que, em Portugal, e provavelmente noutras partes da Península, o culto de São Brás será mais antigo, resultante das medidas de São Martinho contra o paganismo rural, tendo-se provavelmente continuado a multiplicar os lugares de culto nos primeiros séculos do domínio islâmico (até à consolidação do califado).
É difícil saber a época da "marianização" de parte destes cultos. No Algarve e na Andaluzia será muito antigo, provavelmente contemporâneo do domínio bizantino. No resto da Península, não faço ideia.
De qualquer modo, é extraordinária a difusão de Santa Brígida no Norte Peninsular. Li que o seu culto chegou a Londres no séc. VI. Quando terá chegado à Península e com quem ?
Obrigado Alicia por combater uma tendência perniciosa e perigosa que está a alastrar, que é a manipulação localista e regionalista da História.
Uma nova geração de licenciados ignorantes e oportunistas já percebeu os dividendos políticos e económicos que podem retirar da titilação dos egos paroquiais e patrioteiros.
Nota-se a "redescoberta" e divulgação de escritos chauvinista-regionalistas do séc. XIX e 1ª metade do séc. XX, em que as lendas e falsidades históricas mais aberrantes são utilizadas para justificar a superioridade "natural" dos patrícios dos autores e dos seus programas ideológicos.
No caso de Juba II e da Mauritânia, não quero deixar de apontar alguns textos relativamente recentes, com grande interesse:
Livro:
Le royaume de Maurétanie sous Juba II et Ptolémée, Michèle Coltelloni-Trannoy, CNRS Paris 2002
Artigos:
"Romana arma primum Cladio principe in Mauretania bellauere", René Rebuffat, in Claude de Lyon, empereur romain (ed. Y. Burnand et. al.), Paris-Sorbonne, Paris 1998
"Cléopatre Sélené reine de Maurétanie. Souvenirs d'une princesse", Jean Claude Grenier; in Vbiqve Amici (Mélanges offerts à Jean-Marie Lassère), CERCAM, Montpellier 2001; 101-116
"L'annexion de la Maurétanie: terminologie et enjeu de la guerre", Michèle Coltelloni-Trannoy, idem; 129-157
"Africa barbarica", Sabino Perea Yébenes , in Hispania Romana y el norte de África. Ejército, Sociedad, Economia, Alfar, Sevilla 2003; 11-49
A ocupação pré-romana por Túrdulos do litoral atlântico, entre o Douro, o Tejo e a cornija da Meseta, é um facto bem confirmado pelas fontes clássicas, pela toponímia e pela arqueologia. Existe também uma considerável bibliografia sobre o tema e diversas interpretações da migração dos túrdulos e célticos provenientes das margens do Ana até à Gallaecia.
A lista seguinte é apenas indicativa:
Turduli veteres PM III-1
Turdulorumque oppida
Turduli veteres PL IV-35
Celtas ST III-3:5 2. Toponímia com etimologia céltica (-BRIGA, -BRITUM,-MINIO) e turdetana (-IPO)
Antigos Actuais Referências
Ulisippo
Olisippo
Olisipone
Olisipona
Olisipon Lisboa PM III-1
PL IV-35
IA XII,XIV,XIV,XVI
CR IV-43
ST III-3:1
Collippo São Sebastião do Freixo (Batalha) PL IV-35
Arabricenses
Ierabriga
Arabriga Alenquer PL IV-35
IA XV,XVI
PT II,5,5
Eburobrittium Óbidos PL IV-35
Conimbriga Condeixa-a-Velha PL IV-35; IA XVI
Aeminium
Aeminio Coimbra PL IV-35
IA XVI
Talabrica
Talabriga Cabeço do Vouga (Águeda) PL IV-35
IA XVI
Langobriga
Lancobriga
Langobrica Monte Redondo (Fiães, Feira) IA XVI
CR IV-43
? Évora da Alcobaça
3. Arqueologia
• Tessera Hospitalis entre um cidadão romano e o populi dos Turduli Veteres, datada de 6-7 a. C.
Texto:
Sendo cônsules Quinto Sulpício Camerino e Gaio Popeu Sabino, Décimo Júlio Cilão, da tribo Galéria, fez um pacto de hospitalidade com Lugário, filho de Septânio, dos Turduli Veteres e recebeu-o, a si, aos seus filhos e descendentes, na sua fidelidade e clientela, na de seus filhos e descendentes. Lugário, filho de Septânio, o fez.
• Terminus augustalis entre os Turduli Veteres (capital Longobriga) e a civitas de Talabriga.
• Cerâmica e queimadores idênticos aos encontrados em oppida dos territórios "célticos" do Sul, num número crescente de povoados explorados recentemente (Vila da Feira, Torres Vedras...)
Biografia essencial
• Juan L. Garcia Alonso, La Península Ibérica en la Geografia de Claudio Ptolomeo, Euskal Harriko Unibersitatea, Gasteiz 2003
• Amílcar Guerra, Plínio-o-Velho e a Lusitânia, Colibri, Lisboa 1995
• Luciano Pérez Vilatela, Lusitania. Historia y Etnologia, R.A. de la Historia, Madrid 2000
• Fontes Hispaniae Antiquae, VII, dir. A.Schulten e J, Maluquer de Motes, I.A.P., Barcelona 1987
• Identificação das cidades da Lusitânia portuguesa e dos seus territórios, Jorge de Alarcão, em "Les villes de Lusitanie Romaine", C.N.R.S., Paris 1990, p. 21-34
• "As tesserae hospitales do Castro da Senhora da Saúde, Pedroso, Vila Nova de Gaia", A.C. Ferreira da Silva, Gaya,1, 1983, p. 9-26
• "Terminus augustalis entre Talabriga e Longobriga", Fernando de Almeida, Arqueólogo Português, nova série, 2, 1953, p. 209-212
Vamos supor que os catalães decidem mesmo que são uma nação, e que se acham capazes de se governar a si próprios, após 30 anos de experiência com sucesso.
O que é que os espanhóis vão fazer?
Bombardear Barcelona, como tem sido costume ?
Erguer uma barreira com em Melilla e Ceuta ?
Exigir a deslocalização de "populações étnicas" como na Bósnia e noutros locais famosos?
Ou aceitar, enquanto AINDA têm oportunidade, uma solução benéfica para todos?
Vamos supor que os catalães decidem mesmo que são uma nação, e que se acham capazes de se governar a si próprios, após 30 anos de experiência com sucesso.
O que é que os espanhóis vão fazer?
Bombardear Barcelona, como tem sido costume ?
Erguer uma barreira com em Melilla e Ceuta ?
Exigir a deslocalização de "populações étnicas" como na Bósnia e noutros locais famosos?
Ou aceitar, enquanto AINDA têm oportunidade, uma solução benéfica para todos?
Étimo Topónimo Etimologia
José P. Machado
Dicionário Onomástico Etimológico
da Língua Portuguesa
ARGA ARGA DE BAIXO
ARGA DE CANAS
ARGA DE CIMA
ARGA DE SÃO JOÃO
CAMPO DE ARGA
FONTE DE ARGA
RIBEIRO DE ARGA
SERRA DA ARGA
ARGACOSA ARGACOSA
ARGADOL ARGADOL
ARGAINHA ARGAINHA
ARGAIS ARGAIS
ARGAL RIBEIRA DE ARGAL
ARGANA ARGANA
ARGANDE ARGANDE *argandi gen. Argando?
ARGANIL ARGANIL
ARGANIL
MONTE DO ARGANIL
ARGANIZA ARGANIZA
ARGANOSA ARGANOSA
ARGE ARGE
ARMAZÉM DE ARGE
MORGADO DE ARGE
ARGEA ARGEA
RIBEIRA DE ARGEA
ARGEIS CASA DE ARGEIS
ARGELA ARGELA fem. antr. Argelo ?
ARGEMELA ARGEMELA
CABEÇO DA ARGEMELA
MINAS DA ARGEMELA
ARGEMIL ARGEMIL *argemiri gen. Argemiro ?
ARGEMIL
ARGENA QUINTA DA ARGENA
ARGENTE ARGENTE
ARGENTEIRA ARGENTEIRA
ARGENTIM ARGENTIM
ARGERIZ ARGERIZ ver Algeriz
ARGIVAI ARGIVAI *argevadi gen. Argevado ?
ARGO ARGO agro ?
ARGOMIL ARGOMIL agro Miri ?
QUINTA DE ARGOMIL
ARGONCILHE ARGONCILHE < argonza ?
ARGONDA ARGONDA < argonza ?
ARGOS RIBEIRO DE ARGOS VELHOS agro ?
ARGOSELO,-ZELO VALE DE ARGOSELO Ulgusello < Ulgoso < *ulicosu?
ARGOZELO
MINAS DE ARGOZELO
RIBEIRO VALE DE ARGOZELO
SERRO GRANDE DE ARGOZELO
ARGUEDA ARGUEDA
ARGUEDEIRA ARGUEDEIRA
ARGUINHOS ARGUINHOS DE BAIXO dim. agro ?
ARGUNTO LOMBA DO ARGUNTO
ALGERIZ ALGERIZ antr. Argeriqu?
ALGERIZ
SANTA LUCRÉCIA DE ALGERIZ
Lamento imenso a confusão anterior mas falta-me prática de colocar posts.
A lista seguinte contém os étimos e topónimos do "Repertório Toponímico do Continente" (Portugal) iniciados por ARGA- e ARG-, excluindo alguns casos notórios de topónimos transparentes.
Vou tentar apresentar o mapa respectivo no meu post seguinte.
Espero que possa ser útil. Mais adiante referir-me-ei a ARANNI[s].
Étimo Topónimo Etimologia
José P. Machado
Dicionário Onomástico Etimológico
da Língua Portuguesa
ARGA ARGA DE BAIXO
ARGA DE CANAS
ARGA DE CIMA
ARGA DE SÃO JOÃO
CAMPO DE ARGA
FONTE DE ARGA
RIBEIRO DE ARGA
SERRA DA ARGA
ARGACOSA ARGACOSA
ARGADOL ARGADOL
ARGAINHA ARGAINHA
ARGAIS ARGAIS
ARGAL RIBEIRA DE ARGAL
ARGANA ARGANA
ARGANDE ARGANDE *argandi gen. Argando?
ARGANIL ARGANIL
ARGANIL
MONTE DO ARGANIL
ARGANIZA ARGANIZA
ARGANOSA ARGANOSA
ARGE ARGE
ARMAZÉM DE ARGE
MORGADO DE ARGE
ARGEA ARGEA
RIBEIRA DE ARGEA
ARGEIS CASA DE ARGEIS
ARGELA ARGELA fem. antr. Argelo ?
ARGEMELA ARGEMELA
CABEÇO DA ARGEMELA
MINAS DA ARGEMELA
ARGEMIL ARGEMIL *argemiri gen. Argemiro ?
ARGEMIL
ARGENA QUINTA DA ARGENA
ARGENTE ARGENTE
ARGENTEIRA ARGENTEIRA
ARGENTIM ARGENTIM
ARGERIZ ARGERIZ ver Algeriz
ARGIVAI ARGIVAI *argevadi gen. Argevado ?
ARGO ARGO agro ?
ARGOMIL ARGOMIL agro Miri ?
QUINTA DE ARGOMIL
ARGONCILHE ARGONCILHE < argonza ?
ARGONDA ARGONDA < argonza ?
ARGOS RIBEIRO DE ARGOS VELHOS agro ?
ARGOSELO,-ZELO VALE DE ARGOSELO Ulgusello < Ulgoso < *ulicosu?
ARGOZELO
MINAS DE ARGOZELO
RIBEIRO VALE DE ARGOZELO
SERRO GRANDE DE ARGOZELO
ARGUEDA ARGUEDA
ARGUEDEIRA ARGUEDEIRA
ARGUINHOS ARGUINHOS DE BAIXO dim. agro ?
ARGUNTO LOMBA DO ARGUNTO
ALGERIZ ALGERIZ antr. Argeriqu?
ALGERIZ
SANTA LUCRÉCIA DE ALGERIZ
Ponho à vossa disposição um dicionário das palavras do Repertório Toponímico do Continente (toponímia da Carta Militar de Portugal na escala 1:25,000).
Contém 34,496 palavras distintas, ordenadas alfabeticamente, e respectivo número de ocorrências no Repertório Toponímico do Continente.
Correspondem às palavras que formam os 167,423 topónimos do Repertório.
É uma versão não corrigida do ficheiro digital de 1998. O Repertório inclui numerosos topónimos das áreas espanholas fronteiriças.
Podem fazer o download em www.arqueotavira.com/correio/toponimos-portugal.zip. Por favor apressem-se.
Sobre um programa informático de análise e exploração toponímica
Tenho de facto acesso a um, denominado NOTUS, feito por mim, que vou melhorando quando é necessário.
Tem sido usado com sucesso para alguns estudos sobre o Sul de Portugal (o nosso grupo de investigação tem-se sobretudo interessado pela toponímia viária e religiosa, pela antroponímia tardo-antiga e moçárabe e pela toponímia árabe).
Pode-se ter uma ideia geral, de uma versão já antiga, em http://www.arqueotavira.com/Notus/Index.htm
Seria magnífico (e bastante fácil) poder adaptá-lo à totalidade da Península Ibérica. A base territorial já temos. Falta-nos o equivalente espanhol do Repertório Toponímico.
Estou aberto a sugestões sem fins lucrativos.
Não sei até que ponto conheces o Repertório Toponímico português. Perdoa se repito evidências inúteis, mas vale a pena conhecer alguns detalhes desta fonte primordial, apesar das suas limitações:
O Repertório Toponímico (RT) português corresponde a todos os topónimos presentes nas 644 folhas da Carta Militar, na escala 1:25000 (a chamada série M888).
O Instituto Geográfico do Exército ( http://www.igeoe.pt/ ) produz versões anuais do RT, que acompanham a edição de novas folhas mais actualizadas.
O Instituto vende duas versões do RT: uma impressa, de 1966, e uma digital, anual.
O RT de 1998 contém 167,423 topónimos, o que corresponde a uma média de 1.8 topónimos por km2. Incorpora assim a macro e meso toponímias mas não a micro-toponímia.
Destes topónimos, cerca de 3 a 5000 pertencem ao território espanhol, da zona raiana, pois ainda estão incluídos nas folhas fronteiriças da Carta Militar.
O RT tem muitos erros de ortografia (talvez 2% dos topónimos) e alguma redundância pois o nome do mesmo corónimo pode surgir mais de uma vez na Carta Militar (em folhas anexas ou como tipo coronímico distinto, por exemplo orónimo e marco geodésico).
O RT digital apresenta-se como uma tabela de dados em diversos formatos, em que cada topónimo corresponde a uma linha com os seguintes elementos de informação:
Nome (topónimo propriamente dito)
Tipo corográfico
Coordenadas cartográficas
Folha da Carta Militar em que ocorre
Os tipos corográficos são 79 mas a sua utilidade histórica é muito limitada. São porém fundamentais para usos turísticos e, naturalmente, militares.
O RT é, portanto, constituído por topónimos reais ou instâncias toponímicas.
Uma análise preliminar mostrou que certos topónimos se repetem e que as 167,423 instâncias do RT correspondem a 87,317 topónimos distintos.
Os topónimos portugueses (tal como os de muitas outras línguas) são constituídos por frases ou sintagmas toponímicos, que formam uma sub-gramática específica. Muito haveria a dizer sobre isto. As palavras distintas que formam essas frases são em número de 34,496 no caso do RT. A sua listagem alfabética corresponde ao Dicionário do RT. É este dicionário que pode ser carregado do link assinalado no post anterior.
O mapa seguinte representa todos os topónimos do RT
São Romão corresponde a Romanus, existindo pelo menos cinco santos com esse nome. O mais famoso é Romanus de Cenomanos (Le Mans), falecido em 385, ermita e fundador de uma ordem menor de coveiros, sendo assim um orago conveniente para sítios de prévias necrópoles ou capelas associadas a cemitérios páleo-cristãos.
Graças aos milagres que lhe são atribuídos tornou-se posteriormente patrono dos dementes e dos infectados pela raiva!
As ermidas e pequenas igrejas dedicadas ao Santo situam-se frequentemente em lugares de necrópoles romanas e Tardo-Antigas, nomeadamente em pequenas colinas perto de estradas e cruzamentos viários de origem romana.
É um santo pré-islâmico, cujo culto se terá iniciado e difundido em toda a Península após as reformas de São Martinho de Dume, juntamente com vários outros santos "visigóticos". A implantação do seu culto parece ter-se-á prolongado no Sul durante os primeiros séculos de domínio muçulmano.
De facto, a sua distribuição geográfica no território português mostra tratar-se de um santo de tradição moçárabe, com um peso hagionímico superior na metade Sul do país.
Terás, sem dúvida, dados para justificar a tua opinião que S. Romão é resultante de uma derivação linguística.
No entanto, chamo a atenção para o facto que, nos casos portugueses, o topónimo corresponde a um efectivo lugar de culto do santo, embora tenha perdido o seu carácter funerário, substituido regra geral pelo seu carácter de médico "especialista", o que assegurou a vitalidade do culto, pelo menos até ao séc. XIX.
Este tipo de rededicação funcional médica tem mais exemplos (como Santa Eulália, São Marcos e outros). A propagação do culto parece obedecer a um modelo de difusão-mutação:
A difusão primária far-se-ia essencialmente por selecção geo-condicionada dos lugares (e por sincretismo funcional e simbólico no caso de outros santos). Um desses santuários pode alterar a funcionalidade graças a um "milagre local", cuja ampla aceitação produz uma alteração no culto quer dos santuários primitivos quer nos originados daí em diante, em difusão secundária. Porém estes tendem já a localizar-se em sítios geo-condicionados e de sincretismo sobrevivente, de acordo com a nova funcionalidade.
Este difusionismo "popular", em Portugal, começou a ser combatido pelas autoridades eclesiásticas desde, pelo menos, o séc. XIV, e, com sucesso, a partir do séc. XVII, quando as funcionalidades de raíz popular e pagã foram substituídas por novos cultos e funcionalidades doutrinárias e abstractas, de ideologia pós-trentina (Graça, Piedade, Conceição, etc.). Nota-se, em Portugal, de resto, uma marianização acelerada dos cultos páleo-cristãos e pagãos anteriores, desde, pelo menos, o século XII. Esta foi uma das armas do rei Afonso I para garantir o apoio das populações moçárabes e superficialmente islamizadas do Centro e Sul, que mantinham cultos marianos apenas superficialmente cristianizados.
Brandan
Creio que devias investigar melhor a história e as práticas do culto de São Romão
Igmoral
Se Pompeu ou Sertorio tivessem um Guía Campsa talvez a história da Península tivesse sido muito diferente...
A Ora Marítima, apesar de ser sobretudo um poema e reunir fontes de, pelo menos, três períodos distintos, nem sempre ajustáveis, constitui o último grande roteiro geográfico da Antiguidade.
Na Europa, só no séc. XV se produzirão outros, geralmente de qualidade bastante inferior à Ora Maritima (nomeadamente os das Costas de África.)
Ao contrário do que é moda agora dizer-se, A Ora é extremamente rigorosa como corografia narrativa, em todos os pontos que podem ser verificados por fontes independentes ou análise geográfica. Nada pode sugerir má fé ou desonestidade da parte de Avieno, excepto um gosto pelo hiper-criticismo gratuíto e uma grande incapacidade de analisar e interpretar fontes geográficas pré-modernas (< séc. XVII) com os seus erros, omissões e contradições características. É, de facto, um campo que exige uma formação especializada, distinta da da filologia clássica.
A Ora constitui, goste-se ou não, uma fonte única e insubstituível da geografia e etnografia da Proto-História penínsular, e, felizmente, continuará sem dúvida a originar novas interpretações e análises nos séculos vindouros, tal é a sua importância como fonte científica.
Onde foste buscar essa referência do Heródoto sobre os cónios em Huelva ? Ou que os cynetes e os cónios são o mesmo povo?
Os Turdulii Veterii emigraram da Bética? Que Bética, antes dos romanos? (procura este tema na celtiberia.net)
Sabias que, desde há muito, se identificam os Cempses com os celtas do Sudoeste, por razões arqueológicas e territoriais ?
Acho que os teus artigos são muito interessantes pelos temas que focam, mas pecam por falta de uma base sólida de conhecimentos, bibliográficos e territoriais.
Penso que devias ser mais ponderado no que dizes, para poderes ser levado a sério. (a tua lista de topónimos presumivelmente célticos do Sul de Portugal, para não ir mais longe, é inacreditável!)
Recomendo-te dois livros (presumo que já tens a versão do Avieno editada por J. Mangas e D. Plácido):
- Celts and the classical world, David Rankin, Routledge, London 1987
- Lusitania. Historia y Etnología, Luciano Pérez Vilatela, Real Academia de la Historia, Madrid 2000
Santo Amaro > São Mauro, São Mouro, Santo do Mar
Santa Eulália > Santa Olaia
Santo António > Santo Antão
São João > São Joanes
São Julião > São Gião
Santa Lúcia > Santa Luzia
Quarteira > Corteira
"Guanhar" não existe em português. Nesta lingua, "ganhar" pronuncia-se de modo bastante semelhante ao catelhano standard, com o mesmo significado.
Igmoral
A confusão latina entre Y e U (Cunetas, Cynetas) verifica-se igualmente em Myrtili(s) e Murtili, referente ao povoado actual de Mértola. Alguns filólogos consideram tratar-se do som ü (à maneira alemã), que se manteve nos dialectos locais do Algarve até à actualidade.
Pensa-se também que este som *Cün- terá evoluído para o romance moçárabe CHIN-, de que há diversos topónimos associáveis a espólios do Bronze Final ou do Ferro I. (Monchina, etc.).
Em Portugal os topónimos com os étimos REI (184), REAL (197), EL-REI (28) e RAINHA (77) correspondem a antigos bens senhoriais do rei, da coroa ou da "Casa das Rainhas" na sua grande maioria, se excluirmos casos de epítetos religiosos e antropónimos.
Neste grupo devem-se incluir os REGUENGOS (119+33 derivados), bens patrimoniais do rei que abrangem todo o universo da propriedade colectável. Confundem-se historicamente com os bens da coroa, desde o séc. XIII e formaram-se com os fundos territoriais da "reconquista", sendo extintos apenas em 1820.
O senhorio directo do rei era relativamente benévolo, face aos senhorios religiosos, aristocráticos, da Casa da Rainha e mesmo de alguns concelhos.
Os colonos/moradores em domínios reguengos designavam-se reguengueiros, distinguindo-se dois grandes estatutos com repercussões toponímicas:
1) Colonos precários, com arrendamentos anuais (a partir do séc. XIII também com aforamentos a 2 ou 3 vidas). Correspondem aos REGUENGOS propriamente ditos da toponímia.
2) Colonos perpétuos, podendo transmitir o domínio útil (por herança ou venda limitada), estando sujeitos a um contrato de aforamento (enfiteuse ou "fatiota"). Incluem os territórios das povoações importantes com cartas de foral. Originam na toponímia termos como FOROS, HERDADES e todos os topónimos com REAL, DO REI, D'EL-REI, etc. (EL-REI é uma forma arcaica do português).
A Casa das Rainhas existe desde as origens da nacionalidade, como instuição proprietária de 1ª grandeza, detentora de todo o tipo de rendas, incluindo o senhorio directo de povoações importantes e incontáveis propriedades rurais. Origina os topónimos -DA RAINHA
A designação "da Rainha" não se relaciona com uma rainha concreta mas com a instituição "Casa das Rainhas" que proporcionava os rendimentos da Casa da rainha do momento. A rainha tinha a sua "casa" própria no sentido senhorial monárquico do termo, com os seus fidalgos, aias, escudeiros, criados, animais domésticos...
O Repertório toponímico indica 77 topónimos -da Rainha.
A distinção entre DE REI e DO REI e D'EL-REI é meramente linguística,sem nenhum conteúdo semântico associável. D'EL-REI é a forma mais antiga, DO REI a forma moderna, DE REI a forma popular "degenerada" pós-medieval.
Para além das Caldas da Rainha só consigo determinar duas outras:
Vila Nova da Rainha (Lisboa), 1376, D. Fernando I. A rainha será Leonor Teles (*1350-1386)
Nos topónimos com "Rainha Santa", tal como dizes, a rainha é Isabel de Aragão (1271-1336)
Dos 77 topónimos há apenas 58 sítios distintos, que são:
Nome descrição
ALDEIA DA RAINHA CAS
ALTO DA RAINHA MTE
ALTO DO PENEDO DA RAINHA MTE
BARRANCO DA ÁGUA DA RAINHA RIB
BARRANCO DA RAINHA RIB
CABEÇO RAINHA VGF
CABEÇOS DA RAINHA MTE
CALDAS DA RAINHA SC
CANIÇAIS DA RAINHA CAS
CAPELA DA RAINHA SANTA ISABEL CAP
CASAL DA RAINHA POV
CASAL DA RAINHA CAS
CASAL DA RAINHA CAS
CASAL DA RAINHA CAS
COURELA DE VALE RAINHA CAS
COVA DA RAINHA RIB
FOLHA DA RAINHA REG
FONTE DA RAINHA FTE
FONTE DA RAINHA FTE
FOROS DOS CAMPOS DA RAINHA POVI
LAGAR DA RAINHA CAS
MALHADA DA RAINHA CAS
MATA RAINHA CAS
MATA RAINHA DONA LEONOR REG
MOITA DA RAINHA REG
MONTE DA RAINHA POV
MONTE DA RAINHA CAS
MATA DA RAINHA POVI
MINAS DA MATA DA RAINHA CAS
PEGO DA RAINHA LAG
POMAR DA RAINHA POV
PORTA DA RAINHA CAS
PORTELA DA RAINHA REG
PÓVOA DA RAINHA POVI
PÓVOA DE RAINHA SANTA POV
PRAIA DA RAINHA PRA
PRAIA DA RAINHA PRA
QUINTA DA RAINHA CAS
QUINTA DA RAINHA CAS
QUINTA DA RAINHA CAS
QUINTA DA RAINHA CAS
QUINTA DA RAINHA CAS
QUINTA DA VÁRZEA DA RAINHA CAS
RAINHA REG
RAINHA RNA
RAINHA CAS
RAINHA CAS
RIBEIRA DA RAINHA CAS
SERRA DO CABEÇO RAINHA SA
TALHOS DA RAINHA REG
VALE DA RAINHA REG
VALE DA RAINHA POV
VALE DA RAINHA POV
VÁRZEAS DA RAINHA REG
VILA NOVA DA RAINHA SF
VILA NOVA DA RAINHA POVI
VILA NOVA DA RAINHA SF
VINHA DA RAINHA SF
A tabelas das descrições é a seguinte:
AERO Aeródromo, Pista de Aviação
ANTA Antena
AP Aeroporto, Base Aérea
AQUE Aqueduto
AS Aterro Sanitário
AVR Antiga Via Romana
AZE Azenha
BIA Baía
BRA Barra
BRRG Barragem
BXO Baixo
CAB Cabo
CAIS Cais
CAM Caminho
CAP Capela
CAS Casas
CAST Castelo
CD Capital de Distrito
CEL Central Eléctrica
CF Estação de Caminhos de Ferro
CJOG Campo de Jogos
CNL Canal
CP Capital de Província
CRUZ Cruzeiro
CTIR Carreira de Tiro
DEP Depósito
DIR Direcção de Estrada ou Caminho de Ferro
EELV Estação Elevatória
ETAR Estação de Tratamento de Águas Residuais
FAB Fábrica
FRL Farol
FRN Forno (cal, telha)
FRT Forte
FTE Fonte, Chafariz
GRT Gruta
HOSP Hospital
IGR Igreja
ILH Ilha, Ilhéu
LAG Lago, Lagoa
MAN Mangal
MAR Oceano
MAT Mata, Bosque, Floresta
MIN Mina
MIR Miradouro
MOI Moinho
MON Monumento
MRN Marinha
MTE Monte, Morro, Cabeço
PCAM Parque de Campismo
PCO Poço
PFR Posto de Fronteira
PISC Piscina
PJOG Parque de Jogos
PNAT Parque Natural
POUS Pousada
POV Povoação (lugar de 1 a 10, de 11 a 59 fogos)
POVI Povoação Importante (lugar com mais de 60 fogos)
PRA Praia
PSAN Posto Sanitário
PTA Ponta
PTE Ponte
PTNO Pantano, Paúl
PTO Porto
R Rio (mais de 21 a 100 km)
RAP Rápido, Queda de Água
REG Região
RI Rio Importante (com mais de 100 km)
RIB Ribeiro, Ribeira (até 5km, de 5 a 20km)
RNA Ruínas
ROC Roça
SA Serra
SC Sede de Concelho
SD Sede de Distrito
SF Sede de Freguesia
TUN Túnel
VASP Vértice Auxiliar
VE Vale
VG Vértice Geodésico
VGF Vértice Geodésico Fundamental
Peço desculpa por me meter neste fórum, mas desejava pedir-te uma opinião sobre algumas etimologias presumivelmente celtas do Sul de Portugal. Tentei colocar o texto nos "Druídas" mas não consegui.
Onde achas que devo pôr o texto, para que o possas ler?
Gostaria de acrescentar um topónimo monossilábico pré-romano do Sul de Portugal
Refiro-me a MÚ, que denomina a Serra Central do Algarve (com o nome alternativo de Caldeirão). Mú e Caldeirão são os picos mais importantes desta serra.
Mú, hoje também designado como Cerro do Malhão, notabiliza-se pela vista e pela presença de um "malhão", marcos cilíndricos com cerca de 3 metros de altura, construídos por pequenas pedras de xisto, frequentes na Serra Algarvia e de origem desconhecida, provavelmente Proto-Histórica.
Mú é também a nascente do Rio Mira. De facto, a implantação dos topónimos com MÚ revela que o étimo foi um hidrónimo, referido a este rio.
Mú será assim o nome anterior do Mira (que por sua vez se considera de origem celta, gerador do topónimo Mirobriga Celtici, provavelmente estabelecido já na IIa Idade do Ferro)!´
Moisés Espírito Santo não é um linguista mas sim antropólogo, professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa, director do Instituto de Sociologia e Etnologia das Religiões e da Associação de Estudos Rurais dessa universidade.
Os seus estudos sobre as raízes da religião popular portuguesa são um marco incontornável para os investigadores do território antigo e o seu profundo conhecimento do terreno, das tradições e da antropologia e história religiosas transcendem, na minha modesta opinião, o valor científico do seu paradigma explicativo psicanalítico, sem retirar a este o indiscutível fascínio que possui.
Moisés Espírito Santo foi também tocado pelos deuses, que lhe deram uma compreensão das raízes linguísticas que nos ultrapassa a nós mortais, em geral, e à esmagadora maioria dos filólogos, em particular.
Trata-se de uma parte importante da sua obra mais recente, em que se revela um semitista radical, encontrando etimologias semito-fenícias para as palavras mais correntes e transparentes do português usadas na toponímia.
O título mais recente deste controverso mestre é: "Cinco mil anos de cultura a Oeste. Etno-história da religião popular numa região da Estremadura", Assírio & Alvim, Lisboa 2004
Bandeirante
Infelizemente, não possuo informação suplementar sobre a Ermida de Sto. Antório.
toponi
Não encontro nenhum topónimo com a manutenção de PETR-, PATR- ou PITR- em português.
A grande maioria são PEDR- e há vários PER-. Assim muitas PERA[S] e PERA-L,-IS não designam o fruto.
A sua curiosa tese, que só agora tive oportunidade de ler, conduziu-me a uma conjectura alternativa de explicação do mito, que lhe dedico sob a forma de exposição telegráfica:
Mais uma conjectura sobre o mito das éguas fecundadas pelo Vento Interpretação baseada em paralelismos de sistemas religiosos coevos melhor conhecidos, próprios de formações sociais Proto-Históricas da Idade do Ferro, detentoras de religiões desenvolvidas.
O mito da fecundação das éguas pelo Favónio faz parte do complexo de crenças greco-romano, tendo certamente uma base em crenças mais antigas e mais alargadas, assentes na potência fertilizadora do Vento e na extraordinária importância simbólica e social dos cavalos.
O interesse especial da lenda de Olisipo está: na curiosidade reiterada dos autores latinos, que revela o seu carácter "exótico", isto é, tratar-se de um mito local, pré-romano; na relativa proximidade geográfica ao lugar de outra referencia sagrada ao mesmo vento marítimo (Avieno, Monte Figo) e na sua relação directa com o Oceano do Extremo Ocidente.
Este Oceano Ocidental é profundamente conotado com a esfera ctónica e funerária , com mitos da morte de deuses e do Sol e com a própria localização do Mundo Inferior. Basta referir os casos melhor conhecidos das mitologias ugarítico-fenícias exportadas directamente para o Ocidente através de Gades e Cartago (pelo menos); da mitologia grega, que influência profundamente as anteriores desde o séc. V a.C. e, posteriormente, a própria religião romana; e, ainda, o caso da mitologia nórdica cuja visão do Mundo Inferior numa ilha para além do Mar Ocidental é extraordinariamente semelhante à greco-oriental.
Numerosos autores têm estudado a relação religiosa entre o Vento e a esfera ctónica, por um lado, entre o Vento e os cavalos, por outro, e , finalmente entre estes e o mundo funerário. Não é este o sítio para desenvolver bibliografias.
O Vento é um elemento primordial, de natureza ctónica, que repousa no Mundo Inferior e age no Mundo Intermédio.
Surge assim como elemento fecundador ou destruidor da natureza, gerador da chuva e da ondulação e transportador do espírito vital.
É apanágio de divindades dos Mundos Intermédio e Inferior, como entidade semi-independente ou manifestação da própria divindade.
O Vento representa-se frequentemente por uma entidade alada e o seu potencial genésico propicia a formação de híbridos. A sua associação aos cavalos parece ser primordial, em terra, no mar e no ar, dando origem a cavalos alados, barcos movidos pelo espírito dos cavalos e raças equinas de origem sobrenatural.
Parece-me razoável que o culto de Olisipo articulasse a faceta naturalista e utilitária da selecção de cavalos prestigiados com o sistema de crenças da intervenção divina do Outro Mundo na criação desses animais que lhe estão, de certo modo, dedicados.
Ter-se-ia assim um santuário ao ar livre, com terrenos de pastagem e água permanentes, sem dúvida cercado, simbolica e efectivamente, onde existiria uma manada dedicada a uma ou mais entidades ctónicas não identificadas.
O Favónio sopra do Extremo Ocidente, isto é, do Outro Mundo Inferior. As crias geradas são assim híbridos, semi-divinos, com qualidades sobrenaturais de velocidade e destinados a ser montadas no Além. Creio ser este o sentido principal do mito.
A fecundação pelo Vento deve ser interpretada como elemento do mito ritualizado, isto é, através da corporização do Vento por um garanhão, seleccionado ritualmente para a personificação, fecundando a manada e sendo, muito provavelmente, sacrificado em seguida.
A estação ideal de nascimento corresponde à época de maior abundância de pastos, que no Hemisfério Norte é de Maio a Julho (Abril a Junho no Sudoeste). Como a gravidez dura 11 meses, os meses de cobertura são de Junho a Agosto, o que corresponde aos meses de maior luminosidade, isto é, à estação fisiológica natural de procriação das águas.
O provável sacrifício ritual do garanhão permite estabelecer paralelos com o ritual romano arcaico do "cavalo de Outubro", em que o líder (religioso e/ou político) da comunidade assume funções de sacrificante, com o intuito de garantir religiosamente a continuidade da mesma. Corresponde à intersecção da esfera política no ritual, sendo porém desconhecido no caso de Olisipo o seu grau de especialização, autonomia e preponderância.
As águas alcançam a puberdade entre os 15 e 25 meses, podendo procriar com 2 a 3 anos, embora 4 seja mais aceitável. Um reprodutor torna-se activo aos 3-4 anos e maduro aos 5-6.
A vida breve (3 ou 6 anos, segundo as fontes) das crias, no mito, corresponde assim ao tempo de maturação sexual (3 anos) ou de maturidade adulta (6 anos). A manada é criada na Terra no recinto sagrado, preparando-se para se tornar montada dos Imortais na maturidade.
A vida breve corresponderá, uma vez mais, a um elemento do mito ritualizado. O seu sacrifício efectivo corresponde ao ritual da passagem. Seria interessante saber o modo específico do seu ritual (hecatombe? afogamento no mar?). O sacrifício realizar-se-ia provavelmente num Equinócio, altura em que as portas entre a Terra e o Mundo Inferior estão abertas.
Em resumo
O objectivo do mito é justificar uma raça de cavalos, semi-mortais, com atributos de velocidade próprios de montadas divinas, a quem se destinam.
O objectivo social do ritual parece claro: criação de cavalos de nível sobrenatural, em parte destinados aos deuses e em parte destinados aos homens.
Parece ser um mito "indo-europeu", de um povo que semi-diviniza os seus cavalos. Os homens dignificam-se com montadas que pertencem à mesma estirpe dos usados pelos deuses. A comunidade tem o cargo de "ganadeiros dos deuses" do Mundo Inferior, graças à sua localização junto do fim do mundo terrestre. Haverá outro mito, desconhecido, que terá imposto esta tarefa (e esta honra), da qual devia depender a sobrevivência e fortuna da sociedade.
Eis alguns comentários gráficos sobre as bocas do velho Anas. O tempo não dá para mais.
Rio de lama, sinal aos navegantes, ontem como hoje
Ana amnis illic per Cynetas effluit
sulcatque glaebam. panditur rursus sinus
cavusque caespes in meridiem patet.
memorato ab amni gemina sese flumina
scindunt repente perque praedicti sinus
crassum liquorem (quippe pinguescit luto
omne hic profundum) lenta trudunt agmina.
Ora maritima; 202-8
Uma visão grosseira do delta na Antiguidade
Detalhe do povoamento romano e morfologia estuarina antiga no lado português
O mausoleu situa-se, aparentemente, numa ilha do antigo delta, que poderá nunca ter tido um habitat permanente.
O local sugere a vizinhança da mansio ostio fluminis Anae do Itinerário Antonino XXIII, talvez na margem interior da ria, em frente da barra da Isla Cristina, nas proximidades de Pozo del Camiño e no ponto de encontro da via (desde Praesidio, por Villa Blanca) com o litoral.
Tomo a liberdade de acrescentar uma pequena carta de conjunto do megalítismo na Península Ibérica, da autoria de Ph. Kalb.
Permite colocar em perspectiva a distribuição geográfica global e a importância das densidades e extensões dos distintos núcleos de povoamento.
Peço desculpa pelo péssima forma desta resposta mas estou com pouquíssimo tempo
Sobre Onoba Aestuaria
Não fica "na vizinhança" de Huelva
Fica "sob" Huelva, cidade que cresceu no mesmo lugar da Onoba romana (e tartésica...)
Bibliografia
- La Tierra Llana de Hielva: arqueología y evolución del paisaje, Juan Campos Carrasco e Francisco Gómez Toscano, Arqueologia- monografias, Junta de Andalucia, 2001, pp. 69-113
- dos mesmos autores: Arqueología en la ciudad de Huelva, Univ. de Huelva, 2001
Sobre as demais Onobas, espero que alguém possa fornecer mais pormenores. Recomendo no entanto que se leia o que é dito em:
- Diccionario toponímico y etnográfico de Hispania Antigua (Julián Rubén Jiménez, Minor Network, Madrid 2004)
- Las monedas de la betica romana, vol II conventus hispalensis (Jose A. Saez Bolaño e Jose M. Blanco Villero, Numismática Ávila, San Fernando 2001)
- (last but not least) La Península Ibérica en la Geografia de Claudio Ptolomeu (Juan L. García Alonso, Euskal Herriko Unib., Gasteiz 2003).
Sobre Cilpes
Localizava-se no povoado proto-histórico do Cerro da Rocha Branca, páleo-península situada na vizinhança da cidade medieval de Xîlb (hoje Silves), que herdou o nome.
Topónimo turdetano e povoado fortificado com vestígios dos sécs. VI ouV a.C. até à época romana.
Cunha moeda indígena sob dominação romana por volta da viragem dos séculos II-I a.C. As moedas com a legenda CILPES foram aí descobertas em finais do séc. XIX.
Bibliografia
- O estabelecimento fenício-púnico do Cerro da Rocha Branca (Silves), Mário Varela Gomes, in Os Fenícios no Território Português (Estudos Orientais IV, Instituto Oriental, Lisboa 1993), pp. 73-107
- Los fenicios en Portugal, Ana Margarida Arruda, Cuadernos de Arqueología Mediterránea (5-6, 1999-2000), Univ. Pompeu Fabra, Barcelona 2002, pp. 53-56
- http://imprompto.blogspot.com/2005/11/portus-magnus.html
Sobre Ipses
Povoado fortificado proto-histórico (séc. V a.C.) localizado na Vila Velha de Alvor. Aí e na actual zona urbana (povoação romana) têm sido encontradas diversas moedas da cunhagem indígena sob dominação romana, com a legenda IPSES (mesma época que CILPES).
Topónimo turdetano, referido ainda no séc. VII d.C. como IPSA na divisio Wambae, como limite ocidental da diocese visigótica de Ossonoba.
Bibliografia na net
http://imprompto.blogspot.com/2005/11/ipses.html
mais bibliografia em http://www.arqueotavira.com/Estudos/Alvor-2005-Poster-A0R.pdf
Sobre Maenoba
Localiza-se na foz do rio Vélez (Malaga)
Não existe nenhuma Mainoba no Algarve
Bibliografia na net
http://www.velezmalaga.org/playafenicia.php
Para bibliografia complementar e história da localização ver http://www.ucm.es/BUCM/revistas/ghi/02130181/articulos/GERI0202120113A.PDF
Cabo Cúneo
Hoje Cabo de Santa Maria
Lido arenoso que fecha a Sul a laguna de Faro/Ossonoba. Os baixios e os ventos adversos obrigam a um contorno ao largo de , no mínimo, 6 milhas náuticas (no sentido Oriente-Ocidente) o que o torna um obstáculo à navegação tão importante como o Promontório Sacro!
Fontes
Pompónio Mela, De Sito Orbis, III, 5 Qua prominet bis in semet recepto mari in tria promunturia dispergitur: Anae proximum, quia lata sede procurrens paulatim se ac sua latera fastigat, Cuneus ager dicitur, sequens Sacrum vocant, Magnum quod ulterius est, in Cuneo sunt Myrtili, Balsa, Ossonoba, in Sacro Caetobriga et Portus Hannibalis, in Magno Ebora.
Plínio, Historia Naturalis, IV,116 promunturium sacrum et alterum cuneus. oppida Ossonoba, Balsa, Myrtilis.
Avieno, Ora Maritima, 222-224 inde tenditur iugum
Zephyro sacratum. denique arcis summitas
Zephyris vocata.
Bibliografia na net
http://imprompto.blogspot.com/2006/02/ossonoba.html
Acrescentei há pouco um post sobre Tipologia e Nomenclatura Viária, ajustada à toponímia portuguesa, no meu blog http://imprompto.blogspot.com.
Poderá ter algum interesse para este foro.
Agradeço os Vossos comentários.
A tabela seguinte sistematiza uma tipologia viária associada a uma nomenclatura toponímica, em português
Tem como objectivo facilitar a interpretação dos topónimos viários e revelar a riqueza semântica da toponímia viária vulgar.
A nomenclatura inclui sobretudo étimos transparentes da toponímia portuguesa. Incluo também, em vermelho, alguns étimos não transparentes, embora seja uma lista incompleta.
Actividades
Associados aos caminhos estabelecem-se locais de actividades sobre ou na vizinhança de pontos de passagem. Estas actividades definem-se como pontos de referência, através de:
1. Designação da actividade ou situação
2. Lugar
2.1. Sítios, estabelecimentos
2.2. Estruturas
2.3. Transformações resultantes da actividade
3. Agentes associados à actividade
3.1. Profissões
3.2. Etnias
3.3. Estatutos
3.4. Situações pessoais
3.5. Grupos sócio-religiosos
4. Meios
4.1. Objectos, instrumentos
4.2. Substâncias, materiais e matérias-primas
4.3. Produtos e desperdícios da actividade
5. Acções
5.1. Operações
5.2. Eventos
5.3. Datas e períodos do calendário
6. Signos
6.1. Marcas, Gravuras
6.2. Atributos e qualidades associados à actividade
7. Dedicações religiosas próprias (para actividades não religiosas)
7.1. Entidades
7.2. Signos
7.3. Propriedades sagradas
7.4. Contextos identificadores
A tabela seguinte desdobra as dimensões em que as actividades humanas são consideradas na toponímia e cruza-as com os tópicos relaccionados com a actividade de transportes.
Nota sobre as tabelas
Infelizmente, as limitações dos formatos dos foruns e blogs impede a inclusão de tabelas complexas.
Vejo-me assim obrigado a converter as tabelas em imagens.
Como as imagens da Celtiberia têm também limitações de largura, resolvi importá-las do servidor photobucket.
A tabela seguinte sistematiza uma tipologia viária associada a uma nomenclatura toponímica, em português
Tem como objectivo facilitar a interpretação dos topónimos viários e revelar a riqueza semântica da toponímia viária vulgar.
A nomenclatura inclui sobretudo étimos transparentes da toponímia portuguesa. Incluo também, em vermelho, alguns étimos não transparentes, embora seja uma lista incompleta.
Actividades
Associados aos caminhos estabelecem-se locais de actividades sobre ou na vizinhança de pontos de passagem. Estas actividades definem-se como pontos de referência, através de:
1. Designação da actividade ou situação
2. Lugar
2.1. Sítios, estabelecimentos
2.2. Estruturas
2.3. Transformações resultantes da actividade
3. Agentes associados à actividade
3.1. Profissões
3.2. Etnias
3.3. Estatutos
3.4. Situações pessoais
3.5. Grupos sócio-religiosos
4. Meios
4.1. Objectos, instrumentos
4.2. Substâncias, materiais e matérias-primas
4.3. Produtos e desperdícios da actividade
5. Acções
5.1. Operações
5.2. Eventos
5.3. Datas e períodos do calendário
6. Signos
6.1. Marcas, Gravuras
6.2. Atributos e qualidades associados à actividade
7. Dedicações religiosas próprias (para actividades não religiosas)
7.1. Entidades
7.2. Signos
7.3. Propriedades sagradas
7.4. Contextos identificadores
A tabela seguinte desdobra as dimensões em que as actividades humanas são consideradas na toponímia e cruza-as com os tópicos relaccionados com a actividade de transportes.
Nota sobre as tabelas
Infelizmente, as limitações dos formatos dos foruns e blogs impede a inclusão de tabelas complexas.
Vejo-me assim obrigado a converter as tabelas em imagens.
Como as imagens da Celtiberia têm também limitações de largura, resolvi importá-las do servidor photobucket.
Degola, no sentido de "dacapitação", surge frequentemente associado a São João Baptista (popularmente São João da Degola).
É um topónimo associado às festas populares-pagãs da Degola, (os banhos santos de 29 de Agosto e o solstício de Verão em 24 de Junho)
Degolados significa, como sabes, cabeças cortadas (ou crânios).
´
"Garganta" é muito pouco frequente no Sul com o sentido de "passegem" ou "desfiladeiro", sendo substituido por "Portela". Surge porém com o sentido de faixa estreita de terra, embora pouco comum.
Estou-me a referir apenas à "zona moçárabe", a Sul do Tejo.
giorgiodieffe
Muito obrigado pelos teus comentários referentes a "furcus" e derivados.
Tenho dois topónimos antigos em duas vias romanas:
Estrada da "Cafurna", sobre a via romana de Baesuris-Balsa, num percurso bem estabelecido e com vestígios de calçada e povoamento
"Califórnia". Surge duas vezes à beira de uma estrada serrana sem infraestruturas mas com diversos vestígios romanos e da Idade do Ferro (estelas da Escrita do Sudoeste). É virtualmente impossível tratarem-se de emigrantes retornados da América (zona agrestes e isoladas com abonação de c .1880). Uma das ocorrências é dupla ("Califórnia e Fonte da Califórnia") a outra um habitat rural ("Monte da Califórnia").
Até agora pensava que se tratavam de fornos de cal, sendo uma topónimos latino fossilizado, muito antigo, embora se situem numa zona de xisto, onde seria invulgar a existência de fornos longe de sítios de extracção de calcáeios caliços.
Quer "cafurna" quer as duas "califórnias" surgem perto de entroncamentos viários.
Vou tentar estudar a viabilidade etimológica de uma origem viária em romance moçárabe do Sudoeste.
Biblioteca:
Caro Mirobriga
Obrigado pela apreciação.
A versão completa do texto, com quatro mapas, pode ser vista em
http://www.arqueotavira.com/balsa/tavira/
Biblioteca: De Lares y Julianes
Silmarillion tem razão no seu comentário das 20:08.
São Julião Hospitalário torna-se popular apenas após 1260 ou 1275, com a divulgação da "Aura legenda" de Jacobus de Voragine. Substitui praticamente todos os São Julões anteriores a partir do séc. XV.
Entre os São Juliões páleo-cristãos os mais importantes são:
- Juliano & Basilissa, que se ajustam a lugares de estalagem ou abrigo de passantes e peregrinos.
- Juliano de Antíoquia,orago de vaus de rios
(notas sobre isto no meu artigo http://www.celtiberia.net/articulo.asp?id=1310).
De qualquer modo, no Minho (Galaecia setentrional) o culto dos lares compitales converteu-se geralmente no culto das "alminhas", isto é, num sincretismo directo sem mediação hagiológica.
Biblioteca: De Lares y Julianes
Silmarillion tem razão no seu comentário das 20:08.
São Julião Hospitalário torna-se popular apenas após 1260 ou 1275, com a divulgação da "Aura legenda" de Jacobus de Voragine. Substitui praticamente todos os São Julões anteriores a partir do séc. XV.
Entre os São Juliões páleo-cristãos os mais importantes são:
- Juliano & Basilissa, que se ajustam a lugares de estalagem ou abrigo de passantes e peregrinos.
- Juliano de Antíoquia,orago de vaus de rios
(notas sobre isto no meu artigo http://www.celtiberia.net/articulo.asp?id=1310).
De qualquer modo, no Minho (Galaecia setentrional) o culto dos lares compitales converteu-se geralmente no culto das "alminhas", isto é, num sincretismo directo sem mediação hagiológica.
Biblioteca: De Lares y Julianes
ops..
Perdoem a repetição e o lapso: onde está Setentrional, deve estar, naturalmente, Meridional
Biblioteca: De Lares y Julianes
ops..
Perdoem a repetição e o lapso: onde está Setentrional, deve estar, naturalmente, Meridional
Biblioteca: --------------------
Desejo dar uma pequena contribuição para este tema, tão interessante, que consiste na implantação cartográfica dos 372 topónimos portugueses que cumprem uma das regras de sufixação.
Excluo os topónimos transparentes do português moderno.
O resultado pode ver-se no " Mapa dos Topónimos Suevos em Portugal", nas IMAGENS, secção MAPAS FILOLÓGICOS
Biblioteca:
Mirobriga,
Eis alguma bibliografia sobre o tema, com figuras:
Mário Varela Gomes e J. Pinho Monteiro
1977 "As rochas decoradas da Alagoa (Tondela-Viseu)" in O Arqueólogo Português, Série III vols, VII-IX, D.G.P.C. Museu Nacional de Arqueologia, Lisboa 1974-77, p. 145-164
Leite de Vasconcelos
1897 Religiões da Lusitânia, I, I.N.-C.M., Lisboa (ed. 1988), p. 351-390
Biblioteca: --------------------
Ainé,
Eis a lista de topónimos distintos do mapa e o respectivo número de ocorrências:
TOPÓNIMO DISTINTO FREQUÊNCIA
-----------------------------------------------------------
ABERIZ 1
AGRAMIL 1
ALDERIZ 2
ALDRIZ 1
ALGERIZ 2
ALMORIZ 1
ALPEDRIZ 1
ALTO DE ROMARIZ 1
ALTO DE SÃO JEMIL 1
ALTO DE SERIS 1
ALTO DO VERTAMIL 1
ALVARIS 1
ANCARIZ 2
ANCERIZ 2
ANDAMIL 1
ANTEMIL 2
ARGEMIL 3
ARGERIZ 1
ARGOMIL 1
ARIZ 3
ARMIL 2
ARROYO DEL CHARIZ 1
ASFAMIL 1
ASTROMIL 2
BARRINHA DE ESMORIZ 1
BEIRIZ 2
BEIRIZ DE BAIXO 1
BORIZ 2
BRANDARIZ 2
CABEÇO DA CRUZ DE EIRIZ 1
CABEÇO DAS LAMAS DE JURFE 1
CALDAS DE SÃO GEMIL 1
CALES DE MEITRIZ 1
CAMIL 1
CANARIZ 1
CANDEMIL 2
CANDOMIL 1
CARTOMIL 2
CASA DE MORRIS 1
CASTROMIL 3
CHAIÇA MADRIZ 1
CIMO DO EIRIZ 1
CONTRIZ 2
CONTUMIL 3
CORGA DE BERIZ 1
CORGA DE VALE CAORIS 1
COSTA DE ISTRIZ 1
COSTA DE RORIZ 1
COUTADA DE GERMIL 1
CREIXOMIL 2
CRUZ DE ANCERIZ 1
CRUZ DE ESPARIZ 1
DEHESA DE FORMARIZ 1
DEHEZA DE FORMARIZ 1
DESTRIZ 1
DONSUMIL 1
EIRIZ 9
ENCHEMIL 1
ENSEMIL 1
ENXOMIL 1
ERMEMIL 1
ERMIL 1
ESCAMIL 1
ESCARIS 1
ESCARIZ 7
ESMOLFE 2
ESMORIZ 11
ESPARIZ 3
ESTERIZ 1
ESTRUMIL 1
FERMIL 5
FERRARIZ 1
FLARIZ 1
FORMARIZ 6
FORMIL 3
FRARIZ 1
FREIMIL 1
FREIRIZ 2
FREJULFE 1
FREMIL 1
FRESULFE 1
FRIAMIL 1
GAMIL 2
GANDARA DE ESPARIZ 1
GANDARIZ 1
GARRAMIL 1
GERMIL 3
GERMIL DE BAIXO 1
GOIMIL 1
GOMARIZ 1
GOMIL 1
GONDOMIL 2
GONDORIZ 2
GONTARIZ 1
GONTOMIL 1
GREMIL 1
GUADRAMIL 1
GUARDA DE ESMORIZ 1
GUELHEMIL 1
GUILHAMIL 1
GUILHORMIL 1
GUIMIL 1
GUNTUMIL 1
LABORIZ 2
LAJES DE SANGEMIL 1
LANTEMIL 2
LAVARIS 1
LEOMIL 3
LESTRIZ 1
LURIZ 2
MADRIZ 1
MANARIZ 1
MARIZ 4
MARMORIZ 1
MEITRIZ 1
MEIXOMIL 1
MINA DE APARIS 1
MINAS DE GUADRAMIL 1
MOINHOS DE ARIZ 1
MONTE CABRIZ 1
MONTE DAS MINAS DE APARIS 1
MONTE DE EIRIZ 1
MONTE DE ESTRUMIL 1
MONTE DO LUCRIZ 1
MONTE DOS ESTORIS 1
MONTES DE MEITRIZ 1
MONTINHO DE MADRIZ 1
MOURIZ 3
NARIZ 2
ORIZ 1
ORIZ (SANTA MARINHA) 1
ORIZ (SÃO MIGUEL) 1
OUTEIRO DE EIRIZ 1
PONTE DE FRESULFE 1
PONTE DE GONDORIZ 1
PONTE DE SAMARIZ 1
PONTE DE TOMIL 1
PONTES DE LAVARIS 1
POSMIL 1
POZO DE MORRIS 1
PRADO DE ALLARIZ 1
PRAIA DE ESMORIZ 1
PROMERIZ 1
QUEIRIZ 3
QUEIXOMIL 1
QUETRIZ 1
QUINTA DA PEÇA DO RORIZ 1
QUINTA DE ALVARIS 1
QUINTA DE ANTEMIL 1
QUINTA DE ARGOMIL 1
QUINTA DE BEIRIZ 1
QUINTA DE ESMORIZ 1
QUINTA DO ALGEIRIZ 1
QUINTA DO ENSEMIL 1
QUINTA DO MAURIZ 1
QUINTA DO RORIZ 1
QUINTA DO TOMIL 1
QUINTAS DE RESSUMIL 1
RAMIL 5
REBOLFE 1
REGATO DE ANDAMIL 1
REIRIS 1
REIRIZ 3
RERIZ 3
RIBEIRA DA MINA DE APARIS 1
RIBEIRA DE GERMIL 1
RIBEIRA DE GUADRAMIL 2
RIBEIRA DE LEOMIL 3
RIBEIRA DE LUCRIZ 1
RIBEIRA DE MOURIZ 1
RIBEIRA DE REIRIZ 1
RIBEIRA DE SAMIL 1
RIBEIRA DO CEMIL 1
RIBEIRA DO IMPARIZ 1
RIBEIRA DO LUCRIZ 1
RIBEIRA DO VALE RAMIL 1
RIBEIRO DE BORIZ 1
RIBEIRO DE EIRIZ 1
RIBEIRO DE LEOMIL 2
RIBEIRO DE ORIZ 1
RIBEIRO DE SEZULFE 1
RIO CRIS 2
RIO CRIZ 5
RIO DE EIRIZ 2
RIO DE GERMIL 1
ROÇOMIL 1
ROMARIZ 6
ROMIL 1
RORIS 1
RORIZ 7
SABARIS 1
SABARIZ 7
SAMIL 5
SAMPRIZ 1
SANCERIZ 1
SANDOMIL 2
SANGEMIL 3
SANTA LUCRÉCIA DE ALGERIZ 1
SANTO ANTÓNIO DE ROMARIZ 1
SANTOMIL 1
SÃO BENTO DE CATRIS 1
SÃO GEMIL 5
SÃO JOMIL 1
SÃO JUMIL 1
SAVARIZ 1
SEIXOMIL 1
SELHARIZ 2
SENHORIZ 1
SERAMIL 1
SERAMIL DE BAIXO 1
SERMIL 2
SERRA DE LEOMIL 1
SERRA DE RORIZ 1
SERRA DE VARIZ 1
SESMIL 1
SEZULFE 1
SOUSAMIL 1
SUMIL 1
TAIRIZ 1
TARDARIZ 1
TARIZ 1
TARTOMIL 1
TEOMIL 1
TORTOMIL 1
TRALHARIZ 2
TRESMIL 1
TRIZ 1
TROPORIZ 2
TROUXEMIL 1
VALDEMIL 1
VALE DE EIRIZ 1
VALE RAMIL 1
VARIZ 4
VERMIL 3
VIARIZ DA POÇA 1
VIARIZ DA SANTA 1
VOLTA DE APARIS 1
XERMIL 1
Haverá alguns, sobretudo do Sul, que serão de origem moçárabe (frariz < * fradis ?) ou resultantes da colonização portuguesa posterior à "Reconquista"
Biblioteca:
Eulálio
Lamento não poder dizer nada sobre "alquerques" pois ignoro totalmente o assunto
Biblioteca:
Eulálio
Lamento não poder dizer nada sobre "alquerques" pois ignoro totalmente o assunto
Biblioteca:
Brígida
Muito obrigado pelas suas gentis palavras, que me dão muita força, assim como pela extraordinária informação do seu comentário.
Estou interessadíssimo em saber mais sobre os temas que me revela. Será que me pode enviar uma lista bibliográfica? Ou para aqui ou para mail@arqueotavira.com, conforme desejar.
Estou neste momento a escrever sobre a festa do dia de Maio e as suas raízes antigas no Sul de Portugal e penso que a celebração da Candelária-Santa Brígida-São Brás-Imbolc-Candlemas pertence ao mesmo calendário ritual das Maias-Dia de Santa Cruz-Ascensão de Maria-Beltane-Valpurgis, embora a primeira tenha um manifesto carácter pecuário enquanto que a segunda tem um carácter agrícola mas também fortemente ctónico.
Em Portugal não há um único topónimo relativo a Santa Brígida !!!
Em contrapartida há 101 referentes a São Brás e 7 à Senhora das Candeias. Algumas das Senhoras da Luz comemoram-se igualmente a 2 de Fevereiro.
O único santuário de Santa Brígida que detectei é o do Lumiar.
O sempre surpreendente Leite de Vasconcelos descreve a sua origem e ritual (Etnografia Portuguesa, vol. VIII, Imprensa Nacional, Lisboa 1982, p. 135-140), transcrevendo uma notícia de jornal, de 1909:
"Realiza-se no dia 2 de Fevereiro, na paroquial de S. João Baptista do Lumiar, a tradicional festa de Santa Brígida... Em volta da igreja ... tem igualmente lugar a feira de gado.
A igreja de S. João Baptista ... foi construída no reinado de D. Afonso III [1248-1279].
... D. Diniz [1279-1325] ... conseguiu obter parte do crânio de Santa Brígida, que, segundo a tradição, foi pastora na Irlanda e considerada como protectora dos animais.
Vieram, pois, da Irlanda três indivíduos ... trazer ... a relíquia da santa, ... que se conserva num pequeno cofre de prata e cristal, e o qual se coloca no dia de festa consagrado a Santa Brígida.
...
Tinham por uso e costume ... conduzirem os seus gados ao largo da igreja, e, depois de aspergidos pelo respectivo pároco com água benta, davam com os rebanhos três voltas em redor da igreja, para que ficassem, como diz a tradição, livres de "quebranto" e do "mau olhado".
...
Na igreja recebem-se promessas e vendem-se registos da Santa, e rolo de cera [velas com pavio], que os pastores enleiam nas hastes dos bois ou no pescoço dos cavalos... [idem com fitas de várias cores]."
Creio que a fundação dependeu apenas das idiossincrasias do rei D. Dinis, muito culto, de família borgonhesa e conhecedor das modas religiosas da aristocracia anglo-francesa ligada às cruzadas. A consagração a Santa Brígida e a valiosa relíquia permitiram a manutenção até ao séc. XIX de um culto pecuário manifestamente anterior, apesar das numerosas proibições da igreja contra as "bençãos" do gado (ainda no séc. XVII no Algarve).
O ritual descrito para o Lumiar é o existente em muitos outros lugares para São Brás, a Senhora das Candeias e a Senhora do Verde, entre outros.
Penso que, em Portugal, e provavelmente noutras partes da Península, o culto de São Brás será mais antigo, resultante das medidas de São Martinho contra o paganismo rural, tendo-se provavelmente continuado a multiplicar os lugares de culto nos primeiros séculos do domínio islâmico (até à consolidação do califado).
É difícil saber a época da "marianização" de parte destes cultos. No Algarve e na Andaluzia será muito antigo, provavelmente contemporâneo do domínio bizantino. No resto da Península, não faço ideia.
De qualquer modo, é extraordinária a difusão de Santa Brígida no Norte Peninsular. Li que o seu culto chegou a Londres no séc. VI. Quando terá chegado à Península e com quem ?
Biblioteca: ¿Manipulando, que es gerundio? Juba II de Mauretania y Melilla
Obrigado Alicia por combater uma tendência perniciosa e perigosa que está a alastrar, que é a manipulação localista e regionalista da História.
Uma nova geração de licenciados ignorantes e oportunistas já percebeu os dividendos políticos e económicos que podem retirar da titilação dos egos paroquiais e patrioteiros.
Nota-se a "redescoberta" e divulgação de escritos chauvinista-regionalistas do séc. XIX e 1ª metade do séc. XX, em que as lendas e falsidades históricas mais aberrantes são utilizadas para justificar a superioridade "natural" dos patrícios dos autores e dos seus programas ideológicos.
No caso de Juba II e da Mauritânia, não quero deixar de apontar alguns textos relativamente recentes, com grande interesse:
Livro:
Le royaume de Maurétanie sous Juba II et Ptolémée, Michèle Coltelloni-Trannoy, CNRS Paris 2002
Artigos:
"Romana arma primum Cladio principe in Mauretania bellauere", René Rebuffat, in Claude de Lyon, empereur romain (ed. Y. Burnand et. al.), Paris-Sorbonne, Paris 1998
"Cléopatre Sélené reine de Maurétanie. Souvenirs d'une princesse", Jean Claude Grenier; in Vbiqve Amici (Mélanges offerts à Jean-Marie Lassère), CERCAM, Montpellier 2001; 101-116
"L'annexion de la Maurétanie: terminologie et enjeu de la guerre", Michèle Coltelloni-Trannoy, idem; 129-157
"Africa barbarica", Sabino Perea Yébenes , in Hispania Romana y el norte de África. Ejército, Sociedad, Economia, Alfar, Sevilla 2003; 11-49
Biblioteca:
Lusitano
A ocupação pré-romana por Túrdulos do litoral atlântico, entre o Douro, o Tejo e a cornija da Meseta, é um facto bem confirmado pelas fontes clássicas, pela toponímia e pela arqueologia. Existe também uma considerável bibliografia sobre o tema e diversas interpretações da migração dos túrdulos e célticos provenientes das margens do Ana até à Gallaecia.
A lista seguinte é apenas indicativa:
1. Fontes clássicas
PM: Pomponio Mela
PL: Plínio-o-Velho
ST: Estrabão
PT: Ptolomeu
IA: Itineraria Antonina
CR: Cosmographia Ravennatis
Turduli veteres PM III-1
Turdulorumque oppida
Turduli veteres PL IV-35
Celtas ST III-3:5
2. Toponímia com etimologia céltica (-BRIGA, -BRITUM,-MINIO) e turdetana (-IPO)
Antigos Actuais Referências
Ulisippo
Olisippo
Olisipone
Olisipona
Olisipon Lisboa PM III-1
PL IV-35
IA XII,XIV,XIV,XVI
CR IV-43
ST III-3:1
Collippo São Sebastião do Freixo (Batalha) PL IV-35
Arabricenses
Ierabriga
Arabriga Alenquer PL IV-35
IA XV,XVI
PT II,5,5
Eburobrittium Óbidos PL IV-35
Conimbriga Condeixa-a-Velha PL IV-35; IA XVI
Aeminium
Aeminio Coimbra PL IV-35
IA XVI
Talabrica
Talabriga Cabeço do Vouga (Águeda) PL IV-35
IA XVI
Langobriga
Lancobriga
Langobrica Monte Redondo (Fiães, Feira) IA XVI
CR IV-43
? Évora da Alcobaça
3. Arqueologia
• Tessera Hospitalis entre um cidadão romano e o populi dos Turduli Veteres, datada de 6-7 a. C.
Texto:
Sendo cônsules Quinto Sulpício Camerino e Gaio Popeu Sabino, Décimo Júlio Cilão, da tribo Galéria, fez um pacto de hospitalidade com Lugário, filho de Septânio, dos Turduli Veteres e recebeu-o, a si, aos seus filhos e descendentes, na sua fidelidade e clientela, na de seus filhos e descendentes. Lugário, filho de Septânio, o fez.
• Terminus augustalis entre os Turduli Veteres (capital Longobriga) e a civitas de Talabriga.
• Cerâmica e queimadores idênticos aos encontrados em oppida dos territórios "célticos" do Sul, num número crescente de povoados explorados recentemente (Vila da Feira, Torres Vedras...)
Biografia essencial
• Juan L. Garcia Alonso, La Península Ibérica en la Geografia de Claudio Ptolomeo, Euskal Harriko Unibersitatea, Gasteiz 2003
• Amílcar Guerra, Plínio-o-Velho e a Lusitânia, Colibri, Lisboa 1995
• Luciano Pérez Vilatela, Lusitania. Historia y Etnologia, R.A. de la Historia, Madrid 2000
• Fontes Hispaniae Antiquae, VII, dir. A.Schulten e J, Maluquer de Motes, I.A.P., Barcelona 1987
• Identificação das cidades da Lusitânia portuguesa e dos seus territórios, Jorge de Alarcão, em "Les villes de Lusitanie Romaine", C.N.R.S., Paris 1990, p. 21-34
• "As tesserae hospitales do Castro da Senhora da Saúde, Pedroso, Vila Nova de Gaia", A.C. Ferreira da Silva, Gaya,1, 1983, p. 9-26
• "Terminus augustalis entre Talabriga e Longobriga", Fernando de Almeida, Arqueólogo Português, nova série, 2, 1953, p. 209-212
Biblioteca:
Onde está Biografia deverá estar, claro, Bibliografia. lamento que a tabela de topónimos tenha ficado desalinhada.
Biblioteca:
Onde está Biografia deverá estar, claro, Bibliografia. lamento que a tabela de topónimos tenha ficado desalinhada.
Biblioteca: ESPAÑA AUTONÓMICA = ESPAÑA FEDERAL
Curiosidade, do lado de cá da fronteira
Vamos supor que os catalães decidem mesmo que são uma nação, e que se acham capazes de se governar a si próprios, após 30 anos de experiência com sucesso.
O que é que os espanhóis vão fazer?
Bombardear Barcelona, como tem sido costume ?
Erguer uma barreira com em Melilla e Ceuta ?
Exigir a deslocalização de "populações étnicas" como na Bósnia e noutros locais famosos?
Ou aceitar, enquanto AINDA têm oportunidade, uma solução benéfica para todos?
Biblioteca: ESPAÑA AUTONÓMICA = ESPAÑA FEDERAL
Curiosidade, do lado de cá da fronteira
Vamos supor que os catalães decidem mesmo que são uma nação, e que se acham capazes de se governar a si próprios, após 30 anos de experiência com sucesso.
O que é que os espanhóis vão fazer?
Bombardear Barcelona, como tem sido costume ?
Erguer uma barreira com em Melilla e Ceuta ?
Exigir a deslocalização de "populações étnicas" como na Bósnia e noutros locais famosos?
Ou aceitar, enquanto AINDA têm oportunidade, uma solução benéfica para todos?
Biblioteca: ARGANDA, ARANDA y similares: OBSERVACIONES CRÍTICAS
Étimo Topónimo Etimologia
José P. Machado
Dicionário Onomástico Etimológico
da Língua Portuguesa
ARGA ARGA DE BAIXO
ARGA DE CANAS
ARGA DE CIMA
ARGA DE SÃO JOÃO
CAMPO DE ARGA
FONTE DE ARGA
RIBEIRO DE ARGA
SERRA DA ARGA
ARGACOSA ARGACOSA
ARGADOL ARGADOL
ARGAINHA ARGAINHA
ARGAIS ARGAIS
ARGAL RIBEIRA DE ARGAL
ARGANA ARGANA
ARGANDE ARGANDE *argandi gen. Argando?
ARGANIL ARGANIL
ARGANIL
MONTE DO ARGANIL
ARGANIZA ARGANIZA
ARGANOSA ARGANOSA
ARGE ARGE
ARMAZÉM DE ARGE
MORGADO DE ARGE
ARGEA ARGEA
RIBEIRA DE ARGEA
ARGEIS CASA DE ARGEIS
ARGELA ARGELA fem. antr. Argelo ?
ARGEMELA ARGEMELA
CABEÇO DA ARGEMELA
MINAS DA ARGEMELA
ARGEMIL ARGEMIL *argemiri gen. Argemiro ?
ARGEMIL
ARGENA QUINTA DA ARGENA
ARGENTE ARGENTE
ARGENTEIRA ARGENTEIRA
ARGENTIM ARGENTIM
ARGERIZ ARGERIZ ver Algeriz
ARGIVAI ARGIVAI *argevadi gen. Argevado ?
ARGO ARGO agro ?
ARGOMIL ARGOMIL agro Miri ?
QUINTA DE ARGOMIL
ARGONCILHE ARGONCILHE < argonza ?
ARGONDA ARGONDA < argonza ?
ARGOS RIBEIRO DE ARGOS VELHOS agro ?
ARGOSELO,-ZELO VALE DE ARGOSELO Ulgusello < Ulgoso < *ulicosu?
ARGOZELO
MINAS DE ARGOZELO
RIBEIRO VALE DE ARGOZELO
SERRO GRANDE DE ARGOZELO
ARGUEDA ARGUEDA
ARGUEDEIRA ARGUEDEIRA
ARGUINHOS ARGUINHOS DE BAIXO dim. agro ?
ARGUNTO LOMBA DO ARGUNTO
ALGERIZ ALGERIZ antr. Argeriqu?
ALGERIZ
SANTA LUCRÉCIA DE ALGERIZ
Biblioteca: ARGANDA, ARANDA y similares: OBSERVACIONES CRÍTICAS
Caro Igmoral
Lamento imenso a confusão anterior mas falta-me prática de colocar posts.
A lista seguinte contém os étimos e topónimos do "Repertório Toponímico do Continente" (Portugal) iniciados por ARGA- e ARG-, excluindo alguns casos notórios de topónimos transparentes.
Vou tentar apresentar o mapa respectivo no meu post seguinte.
Espero que possa ser útil. Mais adiante referir-me-ei a ARANNI[s].
Étimo Topónimo Etimologia
José P. Machado
Dicionário Onomástico Etimológico
da Língua Portuguesa
ARGA ARGA DE BAIXO
ARGA DE CANAS
ARGA DE CIMA
ARGA DE SÃO JOÃO
CAMPO DE ARGA
FONTE DE ARGA
RIBEIRO DE ARGA
SERRA DA ARGA
ARGACOSA ARGACOSA
ARGADOL ARGADOL
ARGAINHA ARGAINHA
ARGAIS ARGAIS
ARGAL RIBEIRA DE ARGAL
ARGANA ARGANA
ARGANDE ARGANDE *argandi gen. Argando?
ARGANIL ARGANIL
ARGANIL
MONTE DO ARGANIL
ARGANIZA ARGANIZA
ARGANOSA ARGANOSA
ARGE ARGE
ARMAZÉM DE ARGE
MORGADO DE ARGE
ARGEA ARGEA
RIBEIRA DE ARGEA
ARGEIS CASA DE ARGEIS
ARGELA ARGELA fem. antr. Argelo ?
ARGEMELA ARGEMELA
CABEÇO DA ARGEMELA
MINAS DA ARGEMELA
ARGEMIL ARGEMIL *argemiri gen. Argemiro ?
ARGEMIL
ARGENA QUINTA DA ARGENA
ARGENTE ARGENTE
ARGENTEIRA ARGENTEIRA
ARGENTIM ARGENTIM
ARGERIZ ARGERIZ ver Algeriz
ARGIVAI ARGIVAI *argevadi gen. Argevado ?
ARGO ARGO agro ?
ARGOMIL ARGOMIL agro Miri ?
QUINTA DE ARGOMIL
ARGONCILHE ARGONCILHE < argonza ?
ARGONDA ARGONDA < argonza ?
ARGOS RIBEIRO DE ARGOS VELHOS agro ?
ARGOSELO,-ZELO VALE DE ARGOSELO Ulgusello < Ulgoso < *ulicosu?
ARGOZELO
MINAS DE ARGOZELO
RIBEIRO VALE DE ARGOZELO
SERRO GRANDE DE ARGOZELO
ARGUEDA ARGUEDA
ARGUEDEIRA ARGUEDEIRA
ARGUINHOS ARGUINHOS DE BAIXO dim. agro ?
ARGUNTO LOMBA DO ARGUNTO
ALGERIZ ALGERIZ antr. Argeriqu?
ALGERIZ
SANTA LUCRÉCIA DE ALGERIZ
Biblioteca: ARGANDA, ARANDA y similares: OBSERVACIONES CRÍTICAS
Biblioteca: ARGANDA, ARANDA y similares: OBSERVACIONES CRÍTICAS
Caros Jeromor e Igmoral
Ponho à vossa disposição um dicionário das palavras do Repertório Toponímico do Continente (toponímia da Carta Militar de Portugal na escala 1:25,000).
Contém 34,496 palavras distintas, ordenadas alfabeticamente, e respectivo número de ocorrências no Repertório Toponímico do Continente.
Correspondem às palavras que formam os 167,423 topónimos do Repertório.
É uma versão não corrigida do ficheiro digital de 1998. O Repertório inclui numerosos topónimos das áreas espanholas fronteiriças.
Podem fazer o download em www.arqueotavira.com/correio/toponimos-portugal.zip. Por favor apressem-se.
Sobre um programa informático de análise e exploração toponímica
Tenho de facto acesso a um, denominado NOTUS, feito por mim, que vou melhorando quando é necessário.
Tem sido usado com sucesso para alguns estudos sobre o Sul de Portugal (o nosso grupo de investigação tem-se sobretudo interessado pela toponímia viária e religiosa, pela antroponímia tardo-antiga e moçárabe e pela toponímia árabe).
Pode-se ter uma ideia geral, de uma versão já antiga, em http://www.arqueotavira.com/Notus/Index.htm
Seria magnífico (e bastante fácil) poder adaptá-lo à totalidade da Península Ibérica. A base territorial já temos. Falta-nos o equivalente espanhol do Repertório Toponímico.
Estou aberto a sugestões sem fins lucrativos.
Biblioteca: ARGANDA, ARANDA y similares: OBSERVACIONES CRÍTICAS
Igmoral
Não sei até que ponto conheces o Repertório Toponímico português. Perdoa se repito evidências inúteis, mas vale a pena conhecer alguns detalhes desta fonte primordial, apesar das suas limitações:
O Repertório Toponímico (RT) português corresponde a todos os topónimos presentes nas 644 folhas da Carta Militar, na escala 1:25000 (a chamada série M888).
O Instituto Geográfico do Exército ( http://www.igeoe.pt/ ) produz versões anuais do RT, que acompanham a edição de novas folhas mais actualizadas.
O Instituto vende duas versões do RT: uma impressa, de 1966, e uma digital, anual.
O RT de 1998 contém 167,423 topónimos, o que corresponde a uma média de 1.8 topónimos por km2. Incorpora assim a macro e meso toponímias mas não a micro-toponímia.
Destes topónimos, cerca de 3 a 5000 pertencem ao território espanhol, da zona raiana, pois ainda estão incluídos nas folhas fronteiriças da Carta Militar.
O RT tem muitos erros de ortografia (talvez 2% dos topónimos) e alguma redundância pois o nome do mesmo corónimo pode surgir mais de uma vez na Carta Militar (em folhas anexas ou como tipo coronímico distinto, por exemplo orónimo e marco geodésico).
O RT digital apresenta-se como uma tabela de dados em diversos formatos, em que cada topónimo corresponde a uma linha com os seguintes elementos de informação:
Nome (topónimo propriamente dito)
Tipo corográfico
Coordenadas cartográficas
Folha da Carta Militar em que ocorre
Os tipos corográficos são 79 mas a sua utilidade histórica é muito limitada. São porém fundamentais para usos turísticos e, naturalmente, militares.
O RT é, portanto, constituído por topónimos reais ou instâncias toponímicas.
Uma análise preliminar mostrou que certos topónimos se repetem e que as 167,423 instâncias do RT correspondem a 87,317 topónimos distintos.
Os topónimos portugueses (tal como os de muitas outras línguas) são constituídos por frases ou sintagmas toponímicos, que formam uma sub-gramática específica. Muito haveria a dizer sobre isto. As palavras distintas que formam essas frases são em número de 34,496 no caso do RT. A sua listagem alfabética corresponde ao Dicionário do RT. É este dicionário que pode ser carregado do link assinalado no post anterior.
O mapa seguinte representa todos os topónimos do RT
Biblioteca: San Román
São Romão corresponde a Romanus, existindo pelo menos cinco santos com esse nome. O mais famoso é Romanus de Cenomanos (Le Mans), falecido em 385, ermita e fundador de uma ordem menor de coveiros, sendo assim um orago conveniente para sítios de prévias necrópoles ou capelas associadas a cemitérios páleo-cristãos.
Graças aos milagres que lhe são atribuídos tornou-se posteriormente patrono dos dementes e dos infectados pela raiva!
As ermidas e pequenas igrejas dedicadas ao Santo situam-se frequentemente em lugares de necrópoles romanas e Tardo-Antigas, nomeadamente em pequenas colinas perto de estradas e cruzamentos viários de origem romana.
É um santo pré-islâmico, cujo culto se terá iniciado e difundido em toda a Península após as reformas de São Martinho de Dume, juntamente com vários outros santos "visigóticos". A implantação do seu culto parece ter-se-á prolongado no Sul durante os primeiros séculos de domínio muçulmano.
De facto, a sua distribuição geográfica no território português mostra tratar-se de um santo de tradição moçárabe, com um peso hagionímico superior na metade Sul do país.
Biblioteca: San Román
Caro Jeromor
Terás, sem dúvida, dados para justificar a tua opinião que S. Romão é resultante de uma derivação linguística.
No entanto, chamo a atenção para o facto que, nos casos portugueses, o topónimo corresponde a um efectivo lugar de culto do santo, embora tenha perdido o seu carácter funerário, substituido regra geral pelo seu carácter de médico "especialista", o que assegurou a vitalidade do culto, pelo menos até ao séc. XIX.
Este tipo de rededicação funcional médica tem mais exemplos (como Santa Eulália, São Marcos e outros). A propagação do culto parece obedecer a um modelo de difusão-mutação:
A difusão primária far-se-ia essencialmente por selecção geo-condicionada dos lugares (e por sincretismo funcional e simbólico no caso de outros santos). Um desses santuários pode alterar a funcionalidade graças a um "milagre local", cuja ampla aceitação produz uma alteração no culto quer dos santuários primitivos quer nos originados daí em diante, em difusão secundária. Porém estes tendem já a localizar-se em sítios geo-condicionados e de sincretismo sobrevivente, de acordo com a nova funcionalidade.
Este difusionismo "popular", em Portugal, começou a ser combatido pelas autoridades eclesiásticas desde, pelo menos, o séc. XIV, e, com sucesso, a partir do séc. XVII, quando as funcionalidades de raíz popular e pagã foram substituídas por novos cultos e funcionalidades doutrinárias e abstractas, de ideologia pós-trentina (Graça, Piedade, Conceição, etc.). Nota-se, em Portugal, de resto, uma marianização acelerada dos cultos páleo-cristãos e pagãos anteriores, desde, pelo menos, o século XII. Esta foi uma das armas do rei Afonso I para garantir o apoio das populações moçárabes e superficialmente islamizadas do Centro e Sul, que mantinham cultos marianos apenas superficialmente cristianizados.
Brandan
Creio que devias investigar melhor a história e as práticas do culto de São Romão
Biblioteca: MAPA DE LA HISPANIA PRECELTA: ÉTNIAS Y PROTOHISTORIA.
Igmoral
Se Pompeu ou Sertorio tivessem um Guía Campsa talvez a história da Península tivesse sido muito diferente...
A Ora Marítima, apesar de ser sobretudo um poema e reunir fontes de, pelo menos, três períodos distintos, nem sempre ajustáveis, constitui o último grande roteiro geográfico da Antiguidade.
Na Europa, só no séc. XV se produzirão outros, geralmente de qualidade bastante inferior à Ora Maritima (nomeadamente os das Costas de África.)
Ao contrário do que é moda agora dizer-se, A Ora é extremamente rigorosa como corografia narrativa, em todos os pontos que podem ser verificados por fontes independentes ou análise geográfica. Nada pode sugerir má fé ou desonestidade da parte de Avieno, excepto um gosto pelo hiper-criticismo gratuíto e uma grande incapacidade de analisar e interpretar fontes geográficas pré-modernas (< séc. XVII) com os seus erros, omissões e contradições características. É, de facto, um campo que exige uma formação especializada, distinta da da filologia clássica.
A Ora constitui, goste-se ou não, uma fonte única e insubstituível da geografia e etnografia da Proto-História penínsular, e, felizmente, continuará sem dúvida a originar novas interpretações e análises nos séculos vindouros, tal é a sua importância como fonte científica.
Biblioteca: MAPA DE LA HISPANIA PRECELTA: ÉTNIAS Y PROTOHISTORIA.
Lykonius
Onde foste buscar essa referência do Heródoto sobre os cónios em Huelva ? Ou que os cynetes e os cónios são o mesmo povo?
Os Turdulii Veterii emigraram da Bética? Que Bética, antes dos romanos? (procura este tema na celtiberia.net)
Sabias que, desde há muito, se identificam os Cempses com os celtas do Sudoeste, por razões arqueológicas e territoriais ?
Acho que os teus artigos são muito interessantes pelos temas que focam, mas pecam por falta de uma base sólida de conhecimentos, bibliográficos e territoriais.
Penso que devias ser mais ponderado no que dizes, para poderes ser levado a sério. (a tua lista de topónimos presumivelmente célticos do Sul de Portugal, para não ir mais longe, é inacreditável!)
Recomendo-te dois livros (presumo que já tens a versão do Avieno editada por J. Mangas e D. Plácido):
- Celts and the classical world, David Rankin, Routledge, London 1987
- Lusitania. Historia y Etnología, Luciano Pérez Vilatela, Real Academia de la Historia, Madrid 2000
Biblioteca:
Ainé
Eis alguns exemplos
Santo Amaro > São Mauro, São Mouro, Santo do Mar
Santa Eulália > Santa Olaia
Santo António > Santo Antão
São João > São Joanes
São Julião > São Gião
Santa Lúcia > Santa Luzia
Quarteira > Corteira
Biblioteca: ATLANTIDIS NOMINA . ATLANTIDOS ONOMATA . LOS NOMBRES DE ATLANTIS. Desciframiento e Identificación
Giorgiodieffe
"Guanhar" não existe em português. Nesta lingua, "ganhar" pronuncia-se de modo bastante semelhante ao catelhano standard, com o mesmo significado.
Igmoral
A confusão latina entre Y e U (Cunetas, Cynetas) verifica-se igualmente em Myrtili(s) e Murtili, referente ao povoado actual de Mértola. Alguns filólogos consideram tratar-se do som ü (à maneira alemã), que se manteve nos dialectos locais do Algarve até à actualidade.
Pensa-se também que este som *Cün- terá evoluído para o romance moçárabe CHIN-, de que há diversos topónimos associáveis a espólios do Bronze Final ou do Ferro I. (Monchina, etc.).
Biblioteca: --------------------
Ainé
Em Portugal os topónimos com os étimos REI (184), REAL (197), EL-REI (28) e RAINHA (77) correspondem a antigos bens senhoriais do rei, da coroa ou da "Casa das Rainhas" na sua grande maioria, se excluirmos casos de epítetos religiosos e antropónimos.
Neste grupo devem-se incluir os REGUENGOS (119+33 derivados), bens patrimoniais do rei que abrangem todo o universo da propriedade colectável. Confundem-se historicamente com os bens da coroa, desde o séc. XIII e formaram-se com os fundos territoriais da "reconquista", sendo extintos apenas em 1820.
O senhorio directo do rei era relativamente benévolo, face aos senhorios religiosos, aristocráticos, da Casa da Rainha e mesmo de alguns concelhos.
Os colonos/moradores em domínios reguengos designavam-se reguengueiros, distinguindo-se dois grandes estatutos com repercussões toponímicas:
1) Colonos precários, com arrendamentos anuais (a partir do séc. XIII também com aforamentos a 2 ou 3 vidas). Correspondem aos REGUENGOS propriamente ditos da toponímia.
2) Colonos perpétuos, podendo transmitir o domínio útil (por herança ou venda limitada), estando sujeitos a um contrato de aforamento (enfiteuse ou "fatiota"). Incluem os territórios das povoações importantes com cartas de foral. Originam na toponímia termos como FOROS, HERDADES e todos os topónimos com REAL, DO REI, D'EL-REI, etc. (EL-REI é uma forma arcaica do português).
A Casa das Rainhas existe desde as origens da nacionalidade, como instuição proprietária de 1ª grandeza, detentora de todo o tipo de rendas, incluindo o senhorio directo de povoações importantes e incontáveis propriedades rurais. Origina os topónimos -DA RAINHA
Biblioteca: --------------------
Ainé
A designação "da Rainha" não se relaciona com uma rainha concreta mas com a instituição "Casa das Rainhas" que proporcionava os rendimentos da Casa da rainha do momento. A rainha tinha a sua "casa" própria no sentido senhorial monárquico do termo, com os seus fidalgos, aias, escudeiros, criados, animais domésticos...
O Repertório toponímico indica 77 topónimos -da Rainha.
A distinção entre DE REI e DO REI e D'EL-REI é meramente linguística,sem nenhum conteúdo semântico associável. D'EL-REI é a forma mais antiga, DO REI a forma moderna, DE REI a forma popular "degenerada" pós-medieval.
Biblioteca: --------------------
Ainé
Para além das Caldas da Rainha só consigo determinar duas outras:
Vila Nova da Rainha (Lisboa), 1376, D. Fernando I. A rainha será Leonor Teles (*1350-1386)
Nos topónimos com "Rainha Santa", tal como dizes, a rainha é Isabel de Aragão (1271-1336)
Dos 77 topónimos há apenas 58 sítios distintos, que são:
Nome descrição
ALDEIA DA RAINHA CAS
ALTO DA RAINHA MTE
ALTO DO PENEDO DA RAINHA MTE
BARRANCO DA ÁGUA DA RAINHA RIB
BARRANCO DA RAINHA RIB
CABEÇO RAINHA VGF
CABEÇOS DA RAINHA MTE
CALDAS DA RAINHA SC
CANIÇAIS DA RAINHA CAS
CAPELA DA RAINHA SANTA ISABEL CAP
CASAL DA RAINHA POV
CASAL DA RAINHA CAS
CASAL DA RAINHA CAS
CASAL DA RAINHA CAS
COURELA DE VALE RAINHA CAS
COVA DA RAINHA RIB
FOLHA DA RAINHA REG
FONTE DA RAINHA FTE
FONTE DA RAINHA FTE
FOROS DOS CAMPOS DA RAINHA POVI
LAGAR DA RAINHA CAS
MALHADA DA RAINHA CAS
MATA RAINHA CAS
MATA RAINHA DONA LEONOR REG
MOITA DA RAINHA REG
MONTE DA RAINHA POV
MONTE DA RAINHA CAS
MATA DA RAINHA POVI
MINAS DA MATA DA RAINHA CAS
PEGO DA RAINHA LAG
POMAR DA RAINHA POV
PORTA DA RAINHA CAS
PORTELA DA RAINHA REG
PÓVOA DA RAINHA POVI
PÓVOA DE RAINHA SANTA POV
PRAIA DA RAINHA PRA
PRAIA DA RAINHA PRA
QUINTA DA RAINHA CAS
QUINTA DA RAINHA CAS
QUINTA DA RAINHA CAS
QUINTA DA RAINHA CAS
QUINTA DA RAINHA CAS
QUINTA DA VÁRZEA DA RAINHA CAS
RAINHA REG
RAINHA RNA
RAINHA CAS
RAINHA CAS
RIBEIRA DA RAINHA CAS
SERRA DO CABEÇO RAINHA SA
TALHOS DA RAINHA REG
VALE DA RAINHA REG
VALE DA RAINHA POV
VALE DA RAINHA POV
VÁRZEAS DA RAINHA REG
VILA NOVA DA RAINHA SF
VILA NOVA DA RAINHA POVI
VILA NOVA DA RAINHA SF
VINHA DA RAINHA SF
A tabelas das descrições é a seguinte:
AERO Aeródromo, Pista de Aviação
ANTA Antena
AP Aeroporto, Base Aérea
AQUE Aqueduto
AS Aterro Sanitário
AVR Antiga Via Romana
AZE Azenha
BIA Baía
BRA Barra
BRRG Barragem
BXO Baixo
CAB Cabo
CAIS Cais
CAM Caminho
CAP Capela
CAS Casas
CAST Castelo
CD Capital de Distrito
CEL Central Eléctrica
CF Estação de Caminhos de Ferro
CJOG Campo de Jogos
CNL Canal
CP Capital de Província
CRUZ Cruzeiro
CTIR Carreira de Tiro
DEP Depósito
DIR Direcção de Estrada ou Caminho de Ferro
EELV Estação Elevatória
ETAR Estação de Tratamento de Águas Residuais
FAB Fábrica
FRL Farol
FRN Forno (cal, telha)
FRT Forte
FTE Fonte, Chafariz
GRT Gruta
HOSP Hospital
IGR Igreja
ILH Ilha, Ilhéu
LAG Lago, Lagoa
MAN Mangal
MAR Oceano
MAT Mata, Bosque, Floresta
MIN Mina
MIR Miradouro
MOI Moinho
MON Monumento
MRN Marinha
MTE Monte, Morro, Cabeço
PCAM Parque de Campismo
PCO Poço
PFR Posto de Fronteira
PISC Piscina
PJOG Parque de Jogos
PNAT Parque Natural
POUS Pousada
POV Povoação (lugar de 1 a 10, de 11 a 59 fogos)
POVI Povoação Importante (lugar com mais de 60 fogos)
PRA Praia
PSAN Posto Sanitário
PTA Ponta
PTE Ponte
PTNO Pantano, Paúl
PTO Porto
R Rio (mais de 21 a 100 km)
RAP Rápido, Queda de Água
REG Região
RI Rio Importante (com mais de 100 km)
RIB Ribeiro, Ribeira (até 5km, de 5 a 20km)
RNA Ruínas
ROC Roça
SA Serra
SC Sede de Concelho
SD Sede de Distrito
SF Sede de Freguesia
TUN Túnel
VASP Vértice Auxiliar
VE Vale
VG Vértice Geodésico
VGF Vértice Geodésico Fundamental
Biblioteca: El tetragrama de Arkho en la mesa de Quiroga.
Igmoral
Peço desculpa por me meter neste fórum, mas desejava pedir-te uma opinião sobre algumas etimologias presumivelmente celtas do Sul de Portugal. Tentei colocar o texto nos "Druídas" mas não consegui.
Onde achas que devo pôr o texto, para que o possas ler?
Obrigado
Biblioteca: TOPÓNIMOS MONOSÍLABOS DE LA EUROPA OCCIDENTAL, LOS MÁS ANTIGUOS DEL CONTINENTE EUROPEO
Gostaria de acrescentar um topónimo monossilábico pré-romano do Sul de Portugal
Refiro-me a MÚ, que denomina a Serra Central do Algarve (com o nome alternativo de Caldeirão). Mú e Caldeirão são os picos mais importantes desta serra.
Mú, hoje também designado como Cerro do Malhão, notabiliza-se pela vista e pela presença de um "malhão", marcos cilíndricos com cerca de 3 metros de altura, construídos por pequenas pedras de xisto, frequentes na Serra Algarvia e de origem desconhecida, provavelmente Proto-Histórica.
Mú é também a nascente do Rio Mira. De facto, a implantação dos topónimos com MÚ revela que o étimo foi um hidrónimo, referido a este rio.
Mú será assim o nome anterior do Mira (que por sua vez se considera de origem celta, gerador do topónimo Mirobriga Celtici, provavelmente estabelecido já na IIa Idade do Ferro)!´
Biblioteca: TOPÓNIMOS MONOSÍLABOS DE LA EUROPA OCCIDENTAL, LOS MÁS ANTIGUOS DEL CONTINENTE EUROPEO
Moisés Espírito Santo não é um linguista mas sim antropólogo, professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa, director do Instituto de Sociologia e Etnologia das Religiões e da Associação de Estudos Rurais dessa universidade.
Os seus estudos sobre as raízes da religião popular portuguesa são um marco incontornável para os investigadores do território antigo e o seu profundo conhecimento do terreno, das tradições e da antropologia e história religiosas transcendem, na minha modesta opinião, o valor científico do seu paradigma explicativo psicanalítico, sem retirar a este o indiscutível fascínio que possui.
Moisés Espírito Santo foi também tocado pelos deuses, que lhe deram uma compreensão das raízes linguísticas que nos ultrapassa a nós mortais, em geral, e à esmagadora maioria dos filólogos, em particular.
Trata-se de uma parte importante da sua obra mais recente, em que se revela um semitista radical, encontrando etimologias semito-fenícias para as palavras mais correntes e transparentes do português usadas na toponímia.
O título mais recente deste controverso mestre é: "Cinco mil anos de cultura a Oeste. Etno-história da religião popular numa região da Estremadura", Assírio & Alvim, Lisboa 2004
Biblioteca:
Obrigado pelo Vosso apoio e interesse.
Bandeirante
Infelizemente, não possuo informação suplementar sobre a Ermida de Sto. Antório.
toponi
Não encontro nenhum topónimo com a manutenção de PETR-, PATR- ou PITR- em português.
A grande maioria são PEDR- e há vários PER-. Assim muitas PERA[S] e PERA-L,-IS não designam o fruto.
Biblioteca: Las yeguas lusitanas preñadas por el Viento
A sua curiosa tese, que só agora tive oportunidade de ler, conduziu-me a uma conjectura alternativa de explicação do mito, que lhe dedico sob a forma de exposição telegráfica:
Mais uma conjectura sobre o mito das éguas fecundadas pelo Vento
Interpretação baseada em paralelismos de sistemas religiosos coevos melhor conhecidos, próprios de formações sociais Proto-Históricas da Idade do Ferro, detentoras de religiões desenvolvidas.
O mito da fecundação das éguas pelo Favónio faz parte do complexo de crenças greco-romano, tendo certamente uma base em crenças mais antigas e mais alargadas, assentes na potência fertilizadora do Vento e na extraordinária importância simbólica e social dos cavalos.
O interesse especial da lenda de Olisipo está: na curiosidade reiterada dos autores latinos, que revela o seu carácter "exótico", isto é, tratar-se de um mito local, pré-romano; na relativa proximidade geográfica ao lugar de outra referencia sagrada ao mesmo vento marítimo (Avieno, Monte Figo) e na sua relação directa com o Oceano do Extremo Ocidente.
Este Oceano Ocidental é profundamente conotado com a esfera ctónica e funerária , com mitos da morte de deuses e do Sol e com a própria localização do Mundo Inferior. Basta referir os casos melhor conhecidos das mitologias ugarítico-fenícias exportadas directamente para o Ocidente através de Gades e Cartago (pelo menos); da mitologia grega, que influência profundamente as anteriores desde o séc. V a.C. e, posteriormente, a própria religião romana; e, ainda, o caso da mitologia nórdica cuja visão do Mundo Inferior numa ilha para além do Mar Ocidental é extraordinariamente semelhante à greco-oriental.
Numerosos autores têm estudado a relação religiosa entre o Vento e a esfera ctónica, por um lado, entre o Vento e os cavalos, por outro, e , finalmente entre estes e o mundo funerário. Não é este o sítio para desenvolver bibliografias.
O Vento é um elemento primordial, de natureza ctónica, que repousa no Mundo Inferior e age no Mundo Intermédio.
Surge assim como elemento fecundador ou destruidor da natureza, gerador da chuva e da ondulação e transportador do espírito vital.
É apanágio de divindades dos Mundos Intermédio e Inferior, como entidade semi-independente ou manifestação da própria divindade.
O Vento representa-se frequentemente por uma entidade alada e o seu potencial genésico propicia a formação de híbridos. A sua associação aos cavalos parece ser primordial, em terra, no mar e no ar, dando origem a cavalos alados, barcos movidos pelo espírito dos cavalos e raças equinas de origem sobrenatural.
Parece-me razoável que o culto de Olisipo articulasse a faceta naturalista e utilitária da selecção de cavalos prestigiados com o sistema de crenças da intervenção divina do Outro Mundo na criação desses animais que lhe estão, de certo modo, dedicados.
Ter-se-ia assim um santuário ao ar livre, com terrenos de pastagem e água permanentes, sem dúvida cercado, simbolica e efectivamente, onde existiria uma manada dedicada a uma ou mais entidades ctónicas não identificadas.
O Favónio sopra do Extremo Ocidente, isto é, do Outro Mundo Inferior. As crias geradas são assim híbridos, semi-divinos, com qualidades sobrenaturais de velocidade e destinados a ser montadas no Além. Creio ser este o sentido principal do mito.
A fecundação pelo Vento deve ser interpretada como elemento do mito ritualizado, isto é, através da corporização do Vento por um garanhão, seleccionado ritualmente para a personificação, fecundando a manada e sendo, muito provavelmente, sacrificado em seguida.
A estação ideal de nascimento corresponde à época de maior abundância de pastos, que no Hemisfério Norte é de Maio a Julho (Abril a Junho no Sudoeste). Como a gravidez dura 11 meses, os meses de cobertura são de Junho a Agosto, o que corresponde aos meses de maior luminosidade, isto é, à estação fisiológica natural de procriação das águas.
O provável sacrifício ritual do garanhão permite estabelecer paralelos com o ritual romano arcaico do "cavalo de Outubro", em que o líder (religioso e/ou político) da comunidade assume funções de sacrificante, com o intuito de garantir religiosamente a continuidade da mesma. Corresponde à intersecção da esfera política no ritual, sendo porém desconhecido no caso de Olisipo o seu grau de especialização, autonomia e preponderância.
As águas alcançam a puberdade entre os 15 e 25 meses, podendo procriar com 2 a 3 anos, embora 4 seja mais aceitável. Um reprodutor torna-se activo aos 3-4 anos e maduro aos 5-6.
A vida breve (3 ou 6 anos, segundo as fontes) das crias, no mito, corresponde assim ao tempo de maturação sexual (3 anos) ou de maturidade adulta (6 anos). A manada é criada na Terra no recinto sagrado, preparando-se para se tornar montada dos Imortais na maturidade.
A vida breve corresponderá, uma vez mais, a um elemento do mito ritualizado. O seu sacrifício efectivo corresponde ao ritual da passagem. Seria interessante saber o modo específico do seu ritual (hecatombe? afogamento no mar?). O sacrifício realizar-se-ia provavelmente num Equinócio, altura em que as portas entre a Terra e o Mundo Inferior estão abertas.
Em resumo
O objectivo do mito é justificar uma raça de cavalos, semi-mortais, com atributos de velocidade próprios de montadas divinas, a quem se destinam.
O objectivo social do ritual parece claro: criação de cavalos de nível sobrenatural, em parte destinados aos deuses e em parte destinados aos homens.
Parece ser um mito "indo-europeu", de um povo que semi-diviniza os seus cavalos. Os homens dignificam-se com montadas que pertencem à mesma estirpe dos usados pelos deuses. A comunidade tem o cargo de "ganadeiros dos deuses" do Mundo Inferior, graças à sua localização junto do fim do mundo terrestre. Haverá outro mito, desconhecido, que terá imposto esta tarefa (e esta honra), da qual devia depender a sobrevivência e fortuna da sociedade.
Poblamientos: Mausoleo Romano de Isla de Canela
Eis alguns comentários gráficos sobre as bocas do velho Anas. O tempo não dá para mais.
Rio de lama, sinal aos navegantes, ontem como hoje
Ana amnis illic per Cynetas effluit
sulcatque glaebam. panditur rursus sinus
cavusque caespes in meridiem patet.
memorato ab amni gemina sese flumina
scindunt repente perque praedicti sinus
crassum liquorem (quippe pinguescit luto
omne hic profundum) lenta trudunt agmina.
Ora maritima; 202-8
Uma visão grosseira do delta na Antiguidade
Detalhe do povoamento romano e morfologia estuarina antiga no lado português
Poblamientos: Mausoleo Romano de Isla de Canela
O mausoleu situa-se, aparentemente, numa ilha do antigo delta, que poderá nunca ter tido um habitat permanente.
O local sugere a vizinhança da mansio ostio fluminis Anae do Itinerário Antonino XXIII, talvez na margem interior da ria, em frente da barra da Isla Cristina, nas proximidades de Pozo del Camiño e no ponto de encontro da via (desde Praesidio, por Villa Blanca) com o litoral.
Poblamientos: Mausoleo Romano de Isla de Canela
Amerginh
Claro que podes usar as fotos.
Obrigado
Poblamientos: MEGALITOS ALENTEJANOS
Tomo a liberdade de acrescentar uma pequena carta de conjunto do megalítismo na Península Ibérica, da autoria de Ph. Kalb.
Permite colocar em perspectiva a distribuição geográfica global e a importância das densidades e extensões dos distintos núcleos de povoamento.
[IMG]http://i6.photobucket.com/albums/y249/balsense/Meg-Iberia-Kalb.jpg[/IMG]
Poblamientos: MEGALITOS ALENTEJANOS
Nova tentativa...
Biblioteca:
Caro Cerbero
Peço desculpa pelo péssima forma desta resposta mas estou com pouquíssimo tempo
Sobre Onoba Aestuaria
Não fica "na vizinhança" de Huelva
Fica "sob" Huelva, cidade que cresceu no mesmo lugar da Onoba romana (e tartésica...)
Bibliografia
- La Tierra Llana de Hielva: arqueología y evolución del paisaje, Juan Campos Carrasco e Francisco Gómez Toscano, Arqueologia- monografias, Junta de Andalucia, 2001, pp. 69-113
- dos mesmos autores: Arqueología en la ciudad de Huelva, Univ. de Huelva, 2001
Sobre as demais Onobas, espero que alguém possa fornecer mais pormenores. Recomendo no entanto que se leia o que é dito em:
- Diccionario toponímico y etnográfico de Hispania Antigua (Julián Rubén Jiménez, Minor Network, Madrid 2004)
- Las monedas de la betica romana, vol II conventus hispalensis (Jose A. Saez Bolaño e Jose M. Blanco Villero, Numismática Ávila, San Fernando 2001)
- (last but not least) La Península Ibérica en la Geografia de Claudio Ptolomeu (Juan L. García Alonso, Euskal Herriko Unib., Gasteiz 2003).
Sobre Cilpes
Localizava-se no povoado proto-histórico do Cerro da Rocha Branca, páleo-península situada na vizinhança da cidade medieval de Xîlb (hoje Silves), que herdou o nome.
Topónimo turdetano e povoado fortificado com vestígios dos sécs. VI ouV a.C. até à época romana.
Cunha moeda indígena sob dominação romana por volta da viragem dos séculos II-I a.C. As moedas com a legenda CILPES foram aí descobertas em finais do séc. XIX.
Bibliografia
- O estabelecimento fenício-púnico do Cerro da Rocha Branca (Silves), Mário Varela Gomes, in Os Fenícios no Território Português (Estudos Orientais IV, Instituto Oriental, Lisboa 1993), pp. 73-107
- Los fenicios en Portugal, Ana Margarida Arruda, Cuadernos de Arqueología Mediterránea (5-6, 1999-2000), Univ. Pompeu Fabra, Barcelona 2002, pp. 53-56
- http://imprompto.blogspot.com/2005/11/portus-magnus.html
Sobre Ipses
Povoado fortificado proto-histórico (séc. V a.C.) localizado na Vila Velha de Alvor. Aí e na actual zona urbana (povoação romana) têm sido encontradas diversas moedas da cunhagem indígena sob dominação romana, com a legenda IPSES (mesma época que CILPES).
Topónimo turdetano, referido ainda no séc. VII d.C. como IPSA na divisio Wambae, como limite ocidental da diocese visigótica de Ossonoba.
Bibliografia na net
http://imprompto.blogspot.com/2005/11/ipses.html
mais bibliografia em http://www.arqueotavira.com/Estudos/Alvor-2005-Poster-A0R.pdf
Sobre Maenoba
Localiza-se na foz do rio Vélez (Malaga)
Não existe nenhuma Mainoba no Algarve
Bibliografia na net
http://www.velezmalaga.org/playafenicia.php
Para bibliografia complementar e história da localização ver http://www.ucm.es/BUCM/revistas/ghi/02130181/articulos/GERI0202120113A.PDF
Cabo Cúneo
Hoje Cabo de Santa Maria
Lido arenoso que fecha a Sul a laguna de Faro/Ossonoba. Os baixios e os ventos adversos obrigam a um contorno ao largo de , no mínimo, 6 milhas náuticas (no sentido Oriente-Ocidente) o que o torna um obstáculo à navegação tão importante como o Promontório Sacro!
Fontes
Pompónio Mela, De Sito Orbis, III, 5
Qua prominet bis in semet recepto mari in tria promunturia dispergitur: Anae proximum, quia lata sede procurrens paulatim se ac sua latera fastigat, Cuneus ager dicitur, sequens Sacrum vocant, Magnum quod ulterius est, in Cuneo sunt Myrtili, Balsa, Ossonoba, in Sacro Caetobriga et Portus Hannibalis, in Magno Ebora.
Plínio, Historia Naturalis, IV,116
promunturium sacrum et alterum cuneus. oppida Ossonoba, Balsa, Myrtilis.
Avieno, Ora Maritima, 222-224
inde tenditur iugum
Zephyro sacratum. denique arcis summitas
Zephyris vocata.
Bibliografia na net
http://imprompto.blogspot.com/2006/02/ossonoba.html
Biblioteca: -------------------------
Acrescentei há pouco um post sobre Tipologia e Nomenclatura Viária, ajustada à toponímia portuguesa, no meu blog http://imprompto.blogspot.com.
Poderá ter algum interesse para este foro.
Agradeço os Vossos comentários.
Obrigado
Biblioteca: -------------------------
Jeromor
Vamos ver se consigo...
TIPOLOGIA E NOMENCLATURA VIÁRIAS
A tabela seguinte sistematiza uma tipologia viária associada a uma nomenclatura toponímica, em português
Tem como objectivo facilitar a interpretação dos topónimos viários e revelar a riqueza semântica da toponímia viária vulgar.
A nomenclatura inclui sobretudo étimos transparentes da toponímia portuguesa. Incluo também, em vermelho, alguns étimos não transparentes, embora seja uma lista incompleta.
Actividades
Associados aos caminhos estabelecem-se locais de actividades sobre ou na vizinhança de pontos de passagem. Estas actividades definem-se como pontos de referência, através de:
1. Designação da actividade ou situação
2. Lugar
2.1. Sítios, estabelecimentos
2.2. Estruturas
2.3. Transformações resultantes da actividade
3. Agentes associados à actividade
3.1. Profissões
3.2. Etnias
3.3. Estatutos
3.4. Situações pessoais
3.5. Grupos sócio-religiosos
4. Meios
4.1. Objectos, instrumentos
4.2. Substâncias, materiais e matérias-primas
4.3. Produtos e desperdícios da actividade
5. Acções
5.1. Operações
5.2. Eventos
5.3. Datas e períodos do calendário
6. Signos
6.1. Marcas, Gravuras
6.2. Atributos e qualidades associados à actividade
7. Dedicações religiosas próprias (para actividades não religiosas)
7.1. Entidades
7.2. Signos
7.3. Propriedades sagradas
7.4. Contextos identificadores
A tabela seguinte desdobra as dimensões em que as actividades humanas são consideradas na toponímia e cruza-as com os tópicos relaccionados com a actividade de transportes.
Nota sobre as tabelas
Infelizmente, as limitações dos formatos dos foruns e blogs impede a inclusão de tabelas complexas.
Vejo-me assim obrigado a converter as tabelas em imagens.
Como as imagens da Celtiberia têm também limitações de largura, resolvi importá-las do servidor photobucket.
Biblioteca: -------------------------
Jeromor
Vamos ver se consigo...
TIPOLOGIA E NOMENCLATURA VIÁRIAS
A tabela seguinte sistematiza uma tipologia viária associada a uma nomenclatura toponímica, em português
Tem como objectivo facilitar a interpretação dos topónimos viários e revelar a riqueza semântica da toponímia viária vulgar.
A nomenclatura inclui sobretudo étimos transparentes da toponímia portuguesa. Incluo também, em vermelho, alguns étimos não transparentes, embora seja uma lista incompleta.
Actividades
Associados aos caminhos estabelecem-se locais de actividades sobre ou na vizinhança de pontos de passagem. Estas actividades definem-se como pontos de referência, através de:
1. Designação da actividade ou situação
2. Lugar
2.1. Sítios, estabelecimentos
2.2. Estruturas
2.3. Transformações resultantes da actividade
3. Agentes associados à actividade
3.1. Profissões
3.2. Etnias
3.3. Estatutos
3.4. Situações pessoais
3.5. Grupos sócio-religiosos
4. Meios
4.1. Objectos, instrumentos
4.2. Substâncias, materiais e matérias-primas
4.3. Produtos e desperdícios da actividade
5. Acções
5.1. Operações
5.2. Eventos
5.3. Datas e períodos do calendário
6. Signos
6.1. Marcas, Gravuras
6.2. Atributos e qualidades associados à actividade
7. Dedicações religiosas próprias (para actividades não religiosas)
7.1. Entidades
7.2. Signos
7.3. Propriedades sagradas
7.4. Contextos identificadores
A tabela seguinte desdobra as dimensões em que as actividades humanas são consideradas na toponímia e cruza-as com os tópicos relaccionados com a actividade de transportes.
Nota sobre as tabelas
Infelizmente, as limitações dos formatos dos foruns e blogs impede a inclusão de tabelas complexas.
Vejo-me assim obrigado a converter as tabelas em imagens.
Como as imagens da Celtiberia têm também limitações de largura, resolvi importá-las do servidor photobucket.
Biblioteca: ---------------------------
Olá Ainé
Degola, no sentido de "dacapitação", surge frequentemente associado a São João Baptista (popularmente São João da Degola).
É um topónimo associado às festas populares-pagãs da Degola, (os banhos santos de 29 de Agosto e o solstício de Verão em 24 de Junho)
Degolados significa, como sabes, cabeças cortadas (ou crânios).
´
"Garganta" é muito pouco frequente no Sul com o sentido de "passegem" ou "desfiladeiro", sendo substituido por "Portela". Surge porém com o sentido de faixa estreita de terra, embora pouco comum.
Estou-me a referir apenas à "zona moçárabe", a Sul do Tejo.
giorgiodieffe
Muito obrigado pelos teus comentários referentes a "furcus" e derivados.
Tenho dois topónimos antigos em duas vias romanas:
Estrada da "Cafurna", sobre a via romana de Baesuris-Balsa, num percurso bem estabelecido e com vestígios de calçada e povoamento
"Califórnia". Surge duas vezes à beira de uma estrada serrana sem infraestruturas mas com diversos vestígios romanos e da Idade do Ferro (estelas da Escrita do Sudoeste). É virtualmente impossível tratarem-se de emigrantes retornados da América (zona agrestes e isoladas com abonação de c .1880). Uma das ocorrências é dupla ("Califórnia e Fonte da Califórnia") a outra um habitat rural ("Monte da Califórnia").
Até agora pensava que se tratavam de fornos de cal, sendo uma topónimos latino fossilizado, muito antigo, embora se situem numa zona de xisto, onde seria invulgar a existência de fornos longe de sítios de extracção de calcáeios caliços.
Quer "cafurna" quer as duas "califórnias" surgem perto de entroncamentos viários.
Vou tentar estudar a viabilidade etimológica de uma origem viária em romance moçárabe do Sudoeste.
Que te parece ?
Cumprimentos
Hay 63 comentarios.
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