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Em Português o sentido é muito semelhante
Eis o que diz o "Dicionário Houaiss": cafurna, cafua
substantivo feminino
1 cova, caverna
2 Derivação: por extensão de sentido.
lugar escuro e isolado; furna
2.1 lugar, canto escondido, remoto
3 antro, esconderijo
4 habitação rústica, miserável ou imunda; casebre, choça
5 taberna ou outro estabelecimento escuro, imundo e em desordem
6 Regionalismo: Brasil.
aposento escuro e separado onde, nos colégios, os alunos eram deixados de castigo; cafundó
7 Regionalismo: Brasil. Uso: informal.
local de jogo clandestino
Até apresentares o teu comentário de 24/05/2006 15:41:27, com os exemplos CONFOURN e CONFORNO, relacionados com cruzamentos viários, a minha hipótese de "CAFURNA" no contexto geográfico específico da estrada de Tavira era a de um Aediculum ou Tumulus à beira da via, posteriormente arruinado, que viria a designar o caminho. Não existem grutas, covas ou falésias que justifiquem uma estrutura geológica.
Após uma pesquisa rápida ao dicionário "Aurélio" electrónico (eletrônico, em brasileiro) de língua portuguesa (mais de 115 mil palavras), reparei que:
Há 2614 étimos portugueses provenientes do Francês
Há 975 étimos provenientes do Espanhol
Há 710 étimos provenientes do Inglês
Após uma análise ainda mais rápida, observei que:
- Os galicismos e os inglecismos pertencem, na sua grande maioria, à fala quotidiana da lingua culta, estando perfeitamente integrados na língua.
- Cerca de metade dos espanholismos estão integrados na língua comum. Os restantes são termos exóticos.
Sobre a etimologia de tesoura diz o dicionário Houaiss:
lat. tonsorìus,a,um 'que serve para cortar, tosquiar, podar, raspar', do v.lat. tondèo,es,totóndi,tónsum,dére 'cortar, segar, ceifar, podar, tosquiar'; substv. de (ferramenta) tonsorìa ou de forfìces tonsorìas 'tesouras de tosquiar', com perda da nasalidade e metátese do r, tosoira, com dissimilação e alternância da semivogal, tesoira ou tesoura; us., por semelhança de forma, para o que tem elementos cruzados ou bifurcados e, p.metf., para o que pode ferir ou cortar no plano moral; f.hist. sXIV tesouras, sXV tizoura, a1580 tezoura
Note-se que a 1ª abonação é do séc. XIV, que não tem nada a ver com o Francês, e que Tiseiras não existe em Português.
A nota 82 está errada. Os balsenses nada têm a ver com a "Torre de Tavira" (em Cádis ?) mas sim obviamente com Balsa. Ver a nota 74, que está correcta.
Sobre os COLARNI
Algum dos muitos filólogos ilustres deste portal poderá justificar melhor do que eu, que a raiz etimológica mais provável de "Alcorneo" será "alcornoque", étimo híbrido árabe e moçárabe (Federico Corriente, Diccionario de arabismos y voces afines en iberorromance, p. 142)
Por outro lado, não existe nenhuma evidência, de qualquer espécie, que permita localizar os COLARNI em Coria, Caceres ou Badajoz.
Embora o tema esteja longe de uma solução, parece-me interessante a sua localização no Baixo Alentejo Ocidental, numa zona pouco romanizada mas com uma elevada densidade de oppida célticos, incluindo dois importantes santuários da II Idade do Ferro.
Os dois topónimos mais interessantes são:
- Colos, povoação de origem desconhecida (pelo menos data da época islâmica), com uma morfologia urbana de possível raíz romana.
- Castro da Cola e Santuário da Nª Srª da Cola. Oppidum céltico da IIª Idade do Ferro, Santuário cristianizado de 1ª grandeza regional (uma das sete Senhoras lendárias do Baixo Alentejo, cujos santuários ficariam a vista uns dos outros num certo dia do ano).
Na vizinhança fica o povoado-feitoria orientalizante de Fernão Vaz (http://escritadosudoeste.no.sapo.pt/HABfernaovaz.htm) e outros povoados abertos.
Foi posteriormente um hisn muçulmano importante (Murjîq) e concelho medieval (Marachique)
Na mesma região surgiu a inscrição funerária(IRCP 139: CONTVCI F COILICVS)
Sobre a frase de Plínio "desde el Anas al cabo Sacro están los lusitanos", trata-se, naturalmente de um erro, devendo substituir-se Lusitanos (que nunca existiram no Algarve) por Turdetanos, seguindo o que é dito por Mela (que Plínio copia: é de notar a semelhança dos textos dos dois autores sobre a costa algarvia, sendo Mela anterior) e comprovado por outras fontes (Estrabão, Ptolomeu) e, largamente, pela arqueologia.
O mapa das vias romanas está muito abaixo do nível do artigo
Na realidade, é mais um mapa de "rotas turísticas" sobre trajectos de vias romanas, com o referido destaque para cidades monumentais e omissão de tudo o mais
Chamo a tua atenção para uma alternativa, ainda em desenvolvimento, de um mapa de síntese da rede viária romana penínsular, baseada em levantamentos sistemáticos:
Muito interessante este teu trabalho.
Não resisto a colocar aqui a imagem reduzida de uma toalha de papel que um dia encontrei algures num restaurante.
Se quiseres vê-la com mais detalhe está aqui com 800 KB: http://i6.photobucket.com/albums/y249/balsense/bov-big.jpg
Há dois livros indispensáveis sobre o assunto, que discutem pormenorizada e exaustivamente o conteúdo e o valor das fontes coevas, nomeadamente de Hidácio e Isídoro de Sevilha, quase frase a frase.
Ambos se referem abundantemente às relações dos Suevos com os hispano-romanos, e não só.
Têm também perspectivas ideológicas muito distintas, pelo que é interessante lê-los em conjunto. De facto, o mais recente é uma "resposta" um pouco ressabiada ao primeiro,
Romans and Barbarians. The decline of the Western Empire
E. A. Thompson
The University of Wisconsin Press, 1982
No meu modesto entender é uma obra extraordinária pela erudição, estilo e humor.
Bárbaros y romanos en Hispania. 400-507 A.D.
Javier Arce
Marcial Pons, 2005
De leitura indispensável, há que ter a noção que o autor, excelente investigador, carrega um pesado programa ideológico (católico, conservador) que por vezes desvaloriza grandemente o seu valor como historiador
Um terceiro livro serve de continuação cronológica ao primeiro:
The goths in Spain
E. A. Thompson
Oxford (1969-2000)
Lamento não estar de acordo consigo quanto ao valor da chamada "Crónica do Mouro Rázi" tal como surge na "Crónica Geral de Espanha".
É uma péssima fonte histórica, cheia de interpolações posteriores e de erros de tradução. Há pelo menos um exemplo de interpolação de má fé, além de inúmeros anacronismos. É caso de um famoso excerto aí colocado pelas autoridades portuguesas para justificar as suas pretensões às relíquias de S. Vicente, pretendendo justificar pela autoridade de uma fonte árabe do séc. X, factos passados no séc. XII!
Eis esse excerto:
Cap. 230, fólios 89c e 89d (versão original portuguesa na edição crítica de L. Cintra, adiante identificada)
"E, quando elle [Abderame] entrou em Vallença, tiinham hi os cristãaos que hy moravam huu
corpo dhuu homen que avya nome Vicente; e oravãno como se fosse Deus. E os que tiinham aquelle corpo faziam creer a outra gente que fazia veer os cegos e falar os mudos e andar os çopos. E, quando os cristãaos viron Abderame, ouverõ medo delle e fogiron com elle. E disse Abelfacem, huu cavalleiro natural de Fez, que andava con sua companha a mõte na ribeira do mar, que achara, em cabo da serra que vem per sobre o Algarve e entra em aquelle mar de Lixboa, o corpo daquelle home con que aquelles fugiron de Vallença con elle; e que fezeron hi casas em que moravã; e que elle matara os homeens e que leixara hy os ossos do homen."
O estudo decisivo sobre o valor de "al-Razi" na "Crónica Geral de Espanha" é de Lévi-Provençal, e já é bastante antigo:
"'La description de l'Espagne' d'Ahmad al-Razi. Essai de reconstitution de l'original arabe et traduction française" in Al-Andaluz (revista de las escuelas de estudios árabes de Madrid y Granada), Vol. XVIII (1953), pp. 51-109
Transcrevo e traduzo de parte da sua introdução:
"O original árabe (perdido) foi traduzido em português a mando do rei D. Dinis (1279-1325) por um clérigo de nome Gil Peres, que, não sabendo árabe, contratou intérpretes muçulmanos, nomeadamente Maese Moamed (mu'allim Muhammed).
Sobre essa tradução portuguesa, considerada também perdida, foi realizada uma tradução em castelhano, que esteve na base de várias adaptações sucessivas, o que explica a existência de vários manuscritos de texto mais ou menos interpolado (de que se serviu Gayangos).
Esta pluralidade de textos castelhanos da "Descrição" de al-Razi, que, embora remontando a uma fonte comum, foram muito desfigurados pelos copistas, o que explica as deformações sofridas por este trabalho de adaptação.
Ora a tradução portuguesa, que se considerava perdida, foi encontrada, ou mais exactamente uma adaptação directa, na mesma língua, seguramente muito próxima e muito fiel."
M. Luis F. Lindley Cintra
Crónica Geral de Espanha de 1344
Edição crítica (1951-1961)
Imprensa Nacional, Lisboa, 4 vols.
"Esta adaptação em português, de que tive oportunidade de examinar o conteúdo, pareceu-me, à primeira vista, sensivelmente mais correcto que os textos castelhanos até aqui conhecidos, seja do texto propriamente dito, seja da nomenclatura toponímica, terrivelmente maltratada a maior parte das vezes nos manuscritos utilizados por Gayangos.
Para além disso, o exame aprofundado do texto português da "Descrição" de al-Razi permitiu-me identificar sem dificuldade ... uma parte relativamente considerável do próprio original: passagens de extensão variável disseminadas através da literatura geográfica árabe posterior ao X século, sob a forma de citações atribuídas ao autor ou deixadas no anonimato.
Torna-se desde agora possível, com o socorro conjugado das melhores lições contidas na adaptação portuguesa da "Crónica de 1344" e das citações árabes tiradas de Ahmad al-Razi pelos compiladores andaluzes e orientais, estabelecer uma edição crítica da sua "Descrição", pelos menos provisória.
...
Enquanto se aguarda a publicação dessa edição crítica, parece-me útil oferecer ao leitor uma tradução francesa da "Descrição"... Poder-se-á assim fazer já uma ideia do progresso sensível desta tradução relativamente ao texto editado por Gayangos, embora certas incertezas relativas à toponímia histórica não estejam ainda esclarecidas... Apreciar-se-á igualmente, nas partes do texto em que é possível identificar o original árabe, a incompetência e falta de habilidade dos tradutores improvisados e a maneira de como eles por vezes desfiguraram o original, seja recheando-o de superlativos e perífrases explicativas, seja introduzindo interpolações mais ou menos longas da sua própria lavra. Dar-se-á conta, enfim, que a "Descrição" de al-Razi não apresenta a importância que geralmente se lhe atribui, mas que, contudo, este texto do séc. X, sob a sua forma geralmente esquelética, serviu de base a quase todos os geógrafos árabes posteriores..."
Eis as únicas referencias à Galiza, na tradução francesa de L-Provençal:
p. 60
"Sa forme [al-Andalus] est triangulaire
...
Le troisième angle se trouve au Nord-ouest, dans le pays de Galice, là ou se trouve la montagne qui surplombe la mer et sur laquelle se dresse le temple élevé qui ressemble au temple de Cádiz [nota L.P.: Il s'agit de la Torre de Hércules, près de la Corogne...]
Ce troisième angle ,marque le point à partir duquel la côte remonte en direction du pays de Bretagne [nota L.P.: ... L' exposé qui précède a été utilisé et développé par les géographes postérieures... Le texte de la traduction castillane est fort altéré et interpolé.]"
p. 64-99
"Description d'al-Andalus par districts" [omissão do NO penínsular]
p. 104
"Parmi led fleuves notables du pays des Francs et de la Galice, citons le Miño (nahr Minyo). il prend sa source dans les montagnes de l'Álave (Alaba), traverse le pays de Galice d'Est en Ouest et se jette dans l'Atlantique dans la region du "mur de Galice" (ha'it Yilliqiya). Son cours est d'une longeur de 303 milles."
No meio dos excessos natalícios não tenho muito tempo para responder condignamente às observações com que a professora Alícia nos enriqueceu.
Espero assim que prestem mais atenção à intenção que ao fraco estilo e ortografia.
---
A Crónica de al-Razi é, como sabe, apenas uma pequeníssima parte da "Crónica Geral de Espanha", que só é introduzida nesta obra na sua edição de 1344, que compila fundamentalmente os textos derivados da versão inicial de Afonso X.
Devido às alterações e deturpações profundas que sofreu já na tradução de Gil Peres e, sobretudo nas versões castelhanas e portuguesas posteriores, a sua leitura exige uma descontaminação especializada, através de uma edição crítica de especialistas em fontes árabes.
A sua leitura directa a partir dos manuscritos renascentistas, ou comentada por historiógrafos não especializados no período histórico-linguístico, é sempre arriscada e suspeita de erros de todo o tipo, nomeadamente os de anacronismo geográfico.
A versão de Lévi-Provençal, realizada conjuntamente com Jaime Oliver Asín, é a primeira versão dessa edição crítica, que infelizmente não foi nunca publicada por esses autores. Enquanto não for substituída por outra continua a ser a obra de referência dos arabistas e historiadores do al-Andalus, relativamente a al-Razi.
A obra de al-Ruzatí (séc. XII), de grande importância, poderá contribuir sem dúvida para a depuração da reconstituição de al-Razi. Aguarda-se que alguém de reconhecida formação assuma essa tarefa, retomando o projecto iniciado por Lévi-Provençal.
Livre de mim querer pôr em causa a enorme erudição e conhecimentos de Diego Catalan sobre a historiografia medieval e renascentista peninsular. Tenho a opinião convicta que a tendência actual para "matar o pai", muito comum em meios académicos medíocres, é um grave sintoma de degradação intelectual. As obras de Albornoz (ou, por exemplo, de Schulten ou Boch-Gimpera) serão sempre de conhecimento e meditação indispensáveis para estudiosos dignos desse nome e a sua extraordinária erudição constituirá, pelo menos no próximo século, uma fonte permanente de novas ideias.
Porém, há mais de 50 anos que o campo científico dos estudos arábico-islâmicos peninsulares tem foros de cidadania, tendo tido enormes desenvolvimentos nas últimas duas décadas. Para além de obras ímpares de notáveis arabistas indígenas (desde Simonet a Garcia Domingues, por ex.) o conhecimento evoluiu graças ao extraordinário desenvolvimento da escola francesa, que hoje tem notáveis discípulos em Espanha e Portugal, já de segunda geração. Uma vez mais devemos estar reconhecidos ao facto de "ex Galia lux", apesar de ter demorado anos (até 1970) até aos medievalistas peninsulares mais evoluídos reconhecerem esta situação, saindo finalmente das suas carapaças ensimesmadas, auto-suficientes e frequentemente estupidamente arrogantes, herdadas dos anos 40.
Chamo a atenção portanto que Catalan, apesar dos seus precedentes familiares (que são totalmente irrelevantes para o assunto), NÃO é um especialista de língua e estudos islâmicos e, que, portanto, as suas opiniões, com todo o respeito que merecem, são opiniões de não especialista.
É nomeadamente do caso da "a cibdat que dicen Crunna" que viria "fuente árabe desconocida". Opiniões como esta têm um valor limitado, limitadíssimo neste caso, quando vão contra as conclusões fundamentadas de Lévi-Provençal e Oliver Asín.
De facto, na reconstituição destes autores não surge nenhuma referência à Corunha.
Os manuscritos que eles utilizaram foram:
1.069 da Bibl. de Palacio
de Morales (Escorial § 2,1)
séc. XV editados por L. Cintra
de Santa Catalina de Toledo
Zabalburu, Madrid
10.814 da Biblioteca Nacional de Madrid
10.815 idem
2-G-3 da Bibl. de Palacio
Neste manuscritos tais referências são consideradas adições posteriores, inexistentes na obra original. Qualquer tentativa de os apresentar como prova de antiguidade exigirá portanto um novo aparelho crítico especializado, que não existe ao que eu saiba.
Sugiro assim, modestamente, aos estudiosos galegos que tenham a maior reserva no uso dessa atestação "árabe" do séc. X, e que não percam demasiado tempo em malabarismos etimológicos não fundamentados.
Acho o tema do seu texto do maior interesse, embora não possa estar de acordo com o método que sugere, pelas razões que exponho em seguida.
Um dos temas principais do meu estudo sobre a "carta de ocupação romana do sul da Lusitânia" tem sido a reconstituição da rede viária romana e dos percursos dos Itinerários de Antonino 13, 21 e 22.
Com os meios técnicos actualmente disponíveis, não me parece admissível que se continuem a reproduzir imprecisões grosseiras na métrica viária, prolongando indefinidamente discussões entre opiniões pouco fundadas sobre os trajectos dos Itinerários de Antonino (IA). Independentemente da ponderação que cada escola de investigação atribua à precisão das distâncias dos IA, a sua aferição rigorosa ao espaço viário real constitui sempre uma etapa prévia de avaliação e um critério objectivo de análise.
Como se sabe, o roteiro designado por IA não é uma descrição sistemática das redes viárias provinciais mas apenas uma colecção limitada de itinerários, ou percursos, sobre as redes viárias existentes na época. Existem inúmeras omissões de vias que não pertencem aos IA e, por vezes, surgem repetições de percursos do mesmo troço viário em itinerários distintos ou em etapas distintas do mesmo itinerário.
Não faz assim sentido tentar reconstituir os IA sem possuir previamente um bom modelo da rede viária romana e da corografia romana da zona de estudo. Só assim se poderá proceder ao ajustamento das etapas e distâncias de cada itinerário aos percursos da rede definida topograficamente e mensurável.
A elaboração de uma rede viária milenária e presumivelmente romana parece-me fundamental para tornar credível o processo de medição:
Elimina generalidades inaceitáveis pela sua arbitrariedade e falta de rigor, baseadas em medições "em voo de pássaro", independentes das vias efectivamente existentes e das suas características no terreno
Elimina esquematizações fáceis e destituídas de fundamento, baseadas em mapas de pequena escala, em que todas as estradas se confundem e em que é fácil aceitar indiscriminadamente como romanas estradas pós-medievais de traçado planificado ou estradas modernas de longo curso.
Cria a rede fina, baseada em caminhos efectivamente existentes ou fossilizados, que constitui a base material de todos os percursos e medições, eliminando interpolações fictícias e fantasiosas.
Com base na rede viária assim obtida procedi à sua geo-referenciação topográfica com um erro absoluto < 100 m, permitindo a realização de medidas muito rigorosas relativamente a maioria dos estudos actuais de viária histórica.
Para o efeito utilizei como referencial cartográfico a Carta Militar de Portugal (edição de 1950/55), na escala 1:25 000, sendo a transcrição topográfica realizada na escala 1:10 000 a partir desta carta ou, em certas áreas, de levantamentos aero-fotogramétricos. Em casos particulares, como nas áreas urbanas de Ossonoba, Balsa e Tavira utilizei fotografias aéreas na escala 1:2 000.
A rede foi geometrizada num sistema de informações geográfico, tendo sido definidos nodos nos pontos de intersecção de caminhos alternativos e medidos automaticamente todos os segmentos obtidos. Esta é, na minha opinião, a maneira mais fiável de se poder:
Fundamentar a localização de mansiones mal definidas, entre duas mansiones localizadas ou a partir de uma única mansio localizada.
Seleccionar as melhores alternativas viárias entre mansiones, que se ajustem às distâncias da fonte.
Validar as distâncias da fonte quando há erros de transmissão do texto.
Em grande parte dos casos a rede viária é múltipla, formando um grafo complexo ao longo de um eixo direccional, com frequentes intersecções. A análise de ajustamento entre o IA e a rede passa então por desdobrar o grafo viário num produto cartesiano de alternativas entre cada nodo sucessivo, adicionando as distâncias sucessivas de cada combinação.
Biblioteca: ---------------------------
Giogiodieffe
Em Português o sentido é muito semelhante
Eis o que diz o "Dicionário Houaiss":
cafurna, cafua
substantivo feminino
1 cova, caverna
2 Derivação: por extensão de sentido.
lugar escuro e isolado; furna
2.1 lugar, canto escondido, remoto
3 antro, esconderijo
4 habitação rústica, miserável ou imunda; casebre, choça
5 taberna ou outro estabelecimento escuro, imundo e em desordem
6 Regionalismo: Brasil.
aposento escuro e separado onde, nos colégios, os alunos eram deixados de castigo; cafundó
7 Regionalismo: Brasil. Uso: informal.
local de jogo clandestino
Até apresentares o teu comentário de 24/05/2006 15:41:27, com os exemplos CONFOURN e CONFORNO, relacionados com cruzamentos viários, a minha hipótese de "CAFURNA" no contexto geográfico específico da estrada de Tavira era a de um Aediculum ou Tumulus à beira da via, posteriormente arruinado, que viria a designar o caminho. Não existem grutas, covas ou falésias que justifiquem uma estrutura geológica.
Biblioteca: Genealogía y Fuentes del Gallego.
Olá a todos
Tenho seguido esta conversa com curiosidade
Após uma pesquisa rápida ao dicionário "Aurélio" electrónico (eletrônico, em brasileiro) de língua portuguesa (mais de 115 mil palavras), reparei que:
Há 2614 étimos portugueses provenientes do Francês
Há 975 étimos provenientes do Espanhol
Há 710 étimos provenientes do Inglês
Após uma análise ainda mais rápida, observei que:
- Os galicismos e os inglecismos pertencem, na sua grande maioria, à fala quotidiana da lingua culta, estando perfeitamente integrados na língua.
- Cerca de metade dos espanholismos estão integrados na língua comum. Os restantes são termos exóticos.
Sobre a etimologia de tesoura diz o dicionário Houaiss:
lat. tonsorìus,a,um 'que serve para cortar, tosquiar, podar, raspar', do v.lat. tondèo,es,totóndi,tónsum,dére 'cortar, segar, ceifar, podar, tosquiar'; substv. de (ferramenta) tonsorìa ou de forfìces tonsorìas 'tesouras de tosquiar', com perda da nasalidade e metátese do r, tosoira, com dissimilação e alternância da semivogal, tesoira ou tesoura; us., por semelhança de forma, para o que tem elementos cruzados ou bifurcados e, p.metf., para o que pode ferir ou cortar no plano moral; f.hist. sXIV tesouras, sXV tizoura, a1580 tezoura
Note-se que a 1ª abonação é do séc. XIV, que não tem nada a ver com o Francês, e que Tiseiras não existe em Português.
Cumprimentos
Biblioteca: -------------------------
giorgiodieffe:
Perdoa a intromissão, mas esse sentido de CARREGAL é precisamente o do português: Carregal do Sal, Carregueira, Mexilhoeira da Carregação, etc.
Biblioteca: LENGUA LUSITANA
Muito obrigado pela sua lição magistral
Biblioteca: La Península Ibérica en la Historia Natural de Plinio el Viejo.
Descobri agora este velho artigo, sempre actual
A nota 82 está errada. Os balsenses nada têm a ver com a "Torre de Tavira" (em Cádis ?) mas sim obviamente com Balsa. Ver a nota 74, que está correcta.
Sobre os COLARNI
Algum dos muitos filólogos ilustres deste portal poderá justificar melhor do que eu, que a raiz etimológica mais provável de "Alcorneo" será "alcornoque", étimo híbrido árabe e moçárabe (Federico Corriente, Diccionario de arabismos y voces afines en iberorromance, p. 142)
Por outro lado, não existe nenhuma evidência, de qualquer espécie, que permita localizar os COLARNI em Coria, Caceres ou Badajoz.
Embora o tema esteja longe de uma solução, parece-me interessante a sua localização no Baixo Alentejo Ocidental, numa zona pouco romanizada mas com uma elevada densidade de oppida célticos, incluindo dois importantes santuários da II Idade do Ferro.
Os dois topónimos mais interessantes são:
- Colos, povoação de origem desconhecida (pelo menos data da época islâmica), com uma morfologia urbana de possível raíz romana.
- Castro da Cola e Santuário da Nª Srª da Cola. Oppidum céltico da IIª Idade do Ferro, Santuário cristianizado de 1ª grandeza regional (uma das sete Senhoras lendárias do Baixo Alentejo, cujos santuários ficariam a vista uns dos outros num certo dia do ano).
Na vizinhança fica o povoado-feitoria orientalizante de Fernão Vaz (http://escritadosudoeste.no.sapo.pt/HABfernaovaz.htm) e outros povoados abertos.
Foi posteriormente um hisn muçulmano importante (Murjîq) e concelho medieval (Marachique)
Na mesma região surgiu a inscrição funerária(IRCP 139: CONTVCI F COILICVS)
Sobre a frase de Plínio "desde el Anas al cabo Sacro están los lusitanos", trata-se, naturalmente de um erro, devendo substituir-se Lusitanos (que nunca existiram no Algarve) por Turdetanos, seguindo o que é dito por Mela (que Plínio copia: é de notar a semelhança dos textos dos dois autores sobre a costa algarvia, sendo Mela anterior) e comprovado por outras fontes (Estrabão, Ptolomeu) e, largamente, pela arqueologia.
Biblioteca: ECONOMIA Y SOCIEDAD DE HISPANIA DURANTE EL IMPERIO ROMANO
Caro Zeltiko
O mapa das vias romanas está muito abaixo do nível do artigo
Na realidade, é mais um mapa de "rotas turísticas" sobre trajectos de vias romanas, com o referido destaque para cidades monumentais e omissão de tudo o mais
Chamo a tua atenção para uma alternativa, ainda em desenvolvimento, de um mapa de síntese da rede viária romana penínsular, baseada em levantamentos sistemáticos:
target="_blank">
src="http://i6.photobucket.com/albums/y249/balsense/viae-hispania-minor.jpg" border="0"
alt="Photobucket - Video and Image Hosting">
Biblioteca: Historia y filogénesis de los Troncos etnicos de los bovinos autóctonos ibéricos.
Kaerkes
Muito interessante este teu trabalho.
Não resisto a colocar aqui a imagem reduzida de uma toalha de papel que um dia encontrei algures num restaurante.
Se quiseres vê-la com mais detalhe está aqui com 800 KB: http://i6.photobucket.com/albums/y249/balsense/bov-big.jpg
Biblioteca: Lugo y los suevos.
Há dois livros indispensáveis sobre o assunto, que discutem pormenorizada e exaustivamente o conteúdo e o valor das fontes coevas, nomeadamente de Hidácio e Isídoro de Sevilha, quase frase a frase.
Ambos se referem abundantemente às relações dos Suevos com os hispano-romanos, e não só.
Têm também perspectivas ideológicas muito distintas, pelo que é interessante lê-los em conjunto. De facto, o mais recente é uma "resposta" um pouco ressabiada ao primeiro,
Romans and Barbarians. The decline of the Western Empire
E. A. Thompson
The University of Wisconsin Press, 1982
No meu modesto entender é uma obra extraordinária pela erudição, estilo e humor.
Bárbaros y romanos en Hispania. 400-507 A.D.
Javier Arce
Marcial Pons, 2005
De leitura indispensável, há que ter a noção que o autor, excelente investigador, carrega um pesado programa ideológico (católico, conservador) que por vezes desvaloriza grandemente o seu valor como historiador
Um terceiro livro serve de continuação cronológica ao primeiro:
The goths in Spain
E. A. Thompson
Oxford (1969-2000)
Biblioteca: Breogán, Hércules, la Torre y los Milesios.
Professora Alicia
Lamento não estar de acordo consigo quanto ao valor da chamada "Crónica do Mouro Rázi" tal como surge na "Crónica Geral de Espanha".
É uma péssima fonte histórica, cheia de interpolações posteriores e de erros de tradução. Há pelo menos um exemplo de interpolação de má fé, além de inúmeros anacronismos. É caso de um famoso excerto aí colocado pelas autoridades portuguesas para justificar as suas pretensões às relíquias de S. Vicente, pretendendo justificar pela autoridade de uma fonte árabe do séc. X, factos passados no séc. XII!
Eis esse excerto:
Cap. 230, fólios 89c e 89d (versão original portuguesa na edição crítica de L. Cintra, adiante identificada)
"E, quando elle [Abderame] entrou em Vallença, tiinham hi os cristãaos que hy moravam huu
corpo dhuu homen que avya nome Vicente; e oravãno como se fosse Deus. E os que tiinham aquelle corpo faziam creer a outra gente que fazia veer os cegos e falar os mudos e andar os çopos. E, quando os cristãaos viron Abderame, ouverõ medo delle e fogiron com elle. E disse Abelfacem, huu cavalleiro natural de Fez, que andava con sua companha a mõte na ribeira do mar, que achara, em cabo da serra que vem per sobre o Algarve e entra em aquelle mar de Lixboa, o corpo daquelle home con que aquelles fugiron de Vallença con elle; e que fezeron hi casas em que moravã; e que elle matara os homeens e que leixara hy os ossos do homen."
O estudo decisivo sobre o valor de "al-Razi" na "Crónica Geral de Espanha" é de Lévi-Provençal, e já é bastante antigo:
"'La description de l'Espagne' d'Ahmad al-Razi. Essai de reconstitution de l'original arabe et traduction française" in Al-Andaluz (revista de las escuelas de estudios árabes de Madrid y Granada), Vol. XVIII (1953), pp. 51-109
Transcrevo e traduzo de parte da sua introdução:
"O original árabe (perdido) foi traduzido em português a mando do rei D. Dinis (1279-1325) por um clérigo de nome Gil Peres, que, não sabendo árabe, contratou intérpretes muçulmanos, nomeadamente Maese Moamed (mu'allim Muhammed).
Sobre essa tradução portuguesa, considerada também perdida, foi realizada uma tradução em castelhano, que esteve na base de várias adaptações sucessivas, o que explica a existência de vários manuscritos de texto mais ou menos interpolado (de que se serviu Gayangos).
Esta pluralidade de textos castelhanos da "Descrição" de al-Razi, que, embora remontando a uma fonte comum, foram muito desfigurados pelos copistas, o que explica as deformações sofridas por este trabalho de adaptação.
Ora a tradução portuguesa, que se considerava perdida, foi encontrada, ou mais exactamente uma adaptação directa, na mesma língua, seguramente muito próxima e muito fiel."
M. Luis F. Lindley Cintra
Crónica Geral de Espanha de 1344
Edição crítica (1951-1961)
Imprensa Nacional, Lisboa, 4 vols.
"Esta adaptação em português, de que tive oportunidade de examinar o conteúdo, pareceu-me, à primeira vista, sensivelmente mais correcto que os textos castelhanos até aqui conhecidos, seja do texto propriamente dito, seja da nomenclatura toponímica, terrivelmente maltratada a maior parte das vezes nos manuscritos utilizados por Gayangos.
Para além disso, o exame aprofundado do texto português da "Descrição" de al-Razi permitiu-me identificar sem dificuldade ... uma parte relativamente considerável do próprio original: passagens de extensão variável disseminadas através da literatura geográfica árabe posterior ao X século, sob a forma de citações atribuídas ao autor ou deixadas no anonimato.
Torna-se desde agora possível, com o socorro conjugado das melhores lições contidas na adaptação portuguesa da "Crónica de 1344" e das citações árabes tiradas de Ahmad al-Razi pelos compiladores andaluzes e orientais, estabelecer uma edição crítica da sua "Descrição", pelos menos provisória.
...
Enquanto se aguarda a publicação dessa edição crítica, parece-me útil oferecer ao leitor uma tradução francesa da "Descrição"... Poder-se-á assim fazer já uma ideia do progresso sensível desta tradução relativamente ao texto editado por Gayangos, embora certas incertezas relativas à toponímia histórica não estejam ainda esclarecidas... Apreciar-se-á igualmente, nas partes do texto em que é possível identificar o original árabe, a incompetência e falta de habilidade dos tradutores improvisados e a maneira de como eles por vezes desfiguraram o original, seja recheando-o de superlativos e perífrases explicativas, seja introduzindo interpolações mais ou menos longas da sua própria lavra. Dar-se-á conta, enfim, que a "Descrição" de al-Razi não apresenta a importância que geralmente se lhe atribui, mas que, contudo, este texto do séc. X, sob a sua forma geralmente esquelética, serviu de base a quase todos os geógrafos árabes posteriores..."
Eis as únicas referencias à Galiza, na tradução francesa de L-Provençal:
p. 60
"Sa forme [al-Andalus] est triangulaire
...
Le troisième angle se trouve au Nord-ouest, dans le pays de Galice, là ou se trouve la montagne qui surplombe la mer et sur laquelle se dresse le temple élevé qui ressemble au temple de Cádiz [nota L.P.: Il s'agit de la Torre de Hércules, près de la Corogne...]
Ce troisième angle ,marque le point à partir duquel la côte remonte en direction du pays de Bretagne [nota L.P.: ... L' exposé qui précède a été utilisé et développé par les géographes postérieures... Le texte de la traduction castillane est fort altéré et interpolé.]"
p. 64-99
"Description d'al-Andalus par districts" [omissão do NO penínsular]
Córdoba
Cabra
Elvira
Jaen
Tudmir
Valência
Tortosa
Tarragona
Lerida
Barbitania (Boltaña)
Huesca
Tudela
Saragossa
Calatayud
Barusa
Medinaceli e Santaver
Racupel e de Zorita
Guadalajara
Toledo
Fabs al-ballat
Firris
Merida
Badajoz
Beja
Santarém
Coimbra
Exitania
Lisboa
Ocsonoba
Niebla
Sevilla
Carmona
Morón
Jerez (Sidona)
Algeciras
Reyyo
Écija
p. 104
"Parmi led fleuves notables du pays des Francs et de la Galice, citons le Miño (nahr Minyo). il prend sa source dans les montagnes de l'Álave (Alaba), traverse le pays de Galice d'Est en Ouest et se jette dans l'Atlantique dans la region du "mur de Galice" (ha'it Yilliqiya). Son cours est d'une longeur de 303 milles."
Biblioteca: Breogán, Hércules, la Torre y los Milesios.
No meio dos excessos natalícios não tenho muito tempo para responder condignamente às observações com que a professora Alícia nos enriqueceu.
Espero assim que prestem mais atenção à intenção que ao fraco estilo e ortografia.
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A Crónica de al-Razi é, como sabe, apenas uma pequeníssima parte da "Crónica Geral de Espanha", que só é introduzida nesta obra na sua edição de 1344, que compila fundamentalmente os textos derivados da versão inicial de Afonso X.
Devido às alterações e deturpações profundas que sofreu já na tradução de Gil Peres e, sobretudo nas versões castelhanas e portuguesas posteriores, a sua leitura exige uma descontaminação especializada, através de uma edição crítica de especialistas em fontes árabes.
A sua leitura directa a partir dos manuscritos renascentistas, ou comentada por historiógrafos não especializados no período histórico-linguístico, é sempre arriscada e suspeita de erros de todo o tipo, nomeadamente os de anacronismo geográfico.
A versão de Lévi-Provençal, realizada conjuntamente com Jaime Oliver Asín, é a primeira versão dessa edição crítica, que infelizmente não foi nunca publicada por esses autores. Enquanto não for substituída por outra continua a ser a obra de referência dos arabistas e historiadores do al-Andalus, relativamente a al-Razi.
A obra de al-Ruzatí (séc. XII), de grande importância, poderá contribuir sem dúvida para a depuração da reconstituição de al-Razi. Aguarda-se que alguém de reconhecida formação assuma essa tarefa, retomando o projecto iniciado por Lévi-Provençal.
Livre de mim querer pôr em causa a enorme erudição e conhecimentos de Diego Catalan sobre a historiografia medieval e renascentista peninsular. Tenho a opinião convicta que a tendência actual para "matar o pai", muito comum em meios académicos medíocres, é um grave sintoma de degradação intelectual. As obras de Albornoz (ou, por exemplo, de Schulten ou Boch-Gimpera) serão sempre de conhecimento e meditação indispensáveis para estudiosos dignos desse nome e a sua extraordinária erudição constituirá, pelo menos no próximo século, uma fonte permanente de novas ideias.
Porém, há mais de 50 anos que o campo científico dos estudos arábico-islâmicos peninsulares tem foros de cidadania, tendo tido enormes desenvolvimentos nas últimas duas décadas. Para além de obras ímpares de notáveis arabistas indígenas (desde Simonet a Garcia Domingues, por ex.) o conhecimento evoluiu graças ao extraordinário desenvolvimento da escola francesa, que hoje tem notáveis discípulos em Espanha e Portugal, já de segunda geração. Uma vez mais devemos estar reconhecidos ao facto de "ex Galia lux", apesar de ter demorado anos (até 1970) até aos medievalistas peninsulares mais evoluídos reconhecerem esta situação, saindo finalmente das suas carapaças ensimesmadas, auto-suficientes e frequentemente estupidamente arrogantes, herdadas dos anos 40.
Chamo a atenção portanto que Catalan, apesar dos seus precedentes familiares (que são totalmente irrelevantes para o assunto), NÃO é um especialista de língua e estudos islâmicos e, que, portanto, as suas opiniões, com todo o respeito que merecem, são opiniões de não especialista.
É nomeadamente do caso da "a cibdat que dicen Crunna" que viria "fuente árabe desconocida". Opiniões como esta têm um valor limitado, limitadíssimo neste caso, quando vão contra as conclusões fundamentadas de Lévi-Provençal e Oliver Asín.
De facto, na reconstituição destes autores não surge nenhuma referência à Corunha.
Os manuscritos que eles utilizaram foram:
1.069 da Bibl. de Palacio
de Morales (Escorial § 2,1)
séc. XV editados por L. Cintra
de Santa Catalina de Toledo
Zabalburu, Madrid
10.814 da Biblioteca Nacional de Madrid
10.815 idem
2-G-3 da Bibl. de Palacio
Neste manuscritos tais referências são consideradas adições posteriores, inexistentes na obra original. Qualquer tentativa de os apresentar como prova de antiguidade exigirá portanto um novo aparelho crítico especializado, que não existe ao que eu saiba.
Sugiro assim, modestamente, aos estudiosos galegos que tenham a maior reserva no uso dessa atestação "árabe" do séc. X, e que não percam demasiado tempo em malabarismos etimológicos não fundamentados.
Boas Festas do Algarve
Biblioteca: Breogán, Hércules, la Torre y los Milesios.
Professora Alicia
Não li a edição que refere. Vou fazer os possíveis para obtê-la e prometo lê-la com a maior atenção e sem preconceitos
Biblioteca: Dependencia de distancias en el itinerario de Antonino
Caro Diviciaco
Acho o tema do seu texto do maior interesse, embora não possa estar de acordo com o método que sugere, pelas razões que exponho em seguida.
Um dos temas principais do meu estudo sobre a "carta de ocupação romana do sul da Lusitânia" tem sido a reconstituição da rede viária romana e dos percursos dos Itinerários de Antonino 13, 21 e 22.
Com os meios técnicos actualmente disponíveis, não me parece admissível que se continuem a reproduzir imprecisões grosseiras na métrica viária, prolongando indefinidamente discussões entre opiniões pouco fundadas sobre os trajectos dos Itinerários de Antonino (IA).
Independentemente da ponderação que cada escola de investigação atribua à precisão das distâncias dos IA, a sua aferição rigorosa ao espaço viário real constitui sempre uma etapa prévia de avaliação e um critério objectivo de análise.
Como se sabe, o roteiro designado por IA não é uma descrição sistemática das redes viárias provinciais mas apenas uma colecção limitada de itinerários, ou percursos, sobre as redes viárias existentes na época.
Existem inúmeras omissões de vias que não pertencem aos IA e, por vezes, surgem repetições de percursos do mesmo troço viário em itinerários distintos ou em etapas distintas do mesmo itinerário.
Não faz assim sentido tentar reconstituir os IA sem possuir previamente um bom modelo da rede viária romana e da corografia romana da zona de estudo. Só assim se poderá proceder ao ajustamento das etapas e distâncias de cada itinerário aos percursos da rede definida topograficamente e mensurável.
A elaboração de uma rede viária milenária e presumivelmente romana parece-me fundamental para tornar credível o processo de medição:
Com base na rede viária assim obtida procedi à sua geo-referenciação topográfica com um erro absoluto < 100 m, permitindo a realização de medidas muito rigorosas relativamente a maioria dos estudos actuais de viária histórica.
Para o efeito utilizei como referencial cartográfico a Carta Militar de Portugal (edição de 1950/55), na escala 1:25 000, sendo a transcrição topográfica realizada na escala 1:10 000 a partir desta carta ou, em certas áreas, de levantamentos aero-fotogramétricos. Em casos particulares, como nas áreas urbanas de Ossonoba, Balsa e Tavira utilizei fotografias aéreas na escala 1:2 000.
A rede foi geometrizada num sistema de informações geográfico, tendo sido definidos nodos nos pontos de intersecção de caminhos alternativos e medidos automaticamente todos os segmentos obtidos.
Esta é, na minha opinião, a maneira mais fiável de se poder:
Em grande parte dos casos a rede viária é múltipla, formando um grafo complexo ao longo de um eixo direccional, com frequentes intersecções. A análise de ajustamento entre o IA e a rede passa então por desdobrar o grafo viário num produto cartesiano de alternativas entre cada nodo sucessivo, adicionando as distâncias sucessivas de cada combinação.
Biografia
Metodologia:
http://www.arkeotavira.com/alg-romano/carta-romana/MemoriaD.pdf
http://awww.arkeotavira.com/Estudos/texto-ibn-ammar-finalR.pdf
via Ossonoba-Arannis:
http://imprompto.blogspot.com/2007/09/roman-road-of-vale-da-serra.html
Mapas:
http://www.arkeotavira.com/balsa/tavira/Mapa-Cr.pdf
http://www.arkeotavira.com/alg-romano/geral/algarve-romano.pdf
Biblioteca: Fuentes clásicas sobre los pueblos célticos peninsulares
Caro Diocles:
A tua compilação é muito útil e oportuna.
Faltam porém ainda as referências de Cláudio Ptolomeu, na sua "Geografia":
II,4,11
[cidades dos] Célticos béticos (Baitikon Keltikon)
Aroukki
Arounda
Kourgia
Akinippo
Ovama
II,5,5
Os
célticos (Keltikoi) habitam a região que fica para o interior destas
[cidades: Pax Ioulia e Ioulia Murtilis]. As suas cidades na Lusitânia
são:
Laccobriga (ou Lagcobriga)
Caipiana
Braitolaion (ou Bretolaion)
Mirobriga
Arcobriga
Meribriga
Catraleucos
Purgoi Leucoi
Arandis
II,6,57
Para leste destas [cidades dos Carpetanos] estão os Celtiberos (Keltiberes) cujas cidades são:
Belsinon
Touriasso
Nertobriga
Bilbilis
Arcobriga
Caisada
Mediolon
Attacon
Ergaouica
Segobriga
Condabora
Boursada
Laxta
Ovaleria
Istonion
Alaba
Libana
Ourkesa
Fontes consultadas:
La Península Ibérica en la Geografia de Claudio Ptolomeo, Juan L. García Alonso, Euskal Herriko Unib., Gasteiz 2003
Geography, of Claudius Ptolemy,
Bill Thayer
http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Gazetteer/Periods/Roman/_Texts/Ptolemy/home.html
Claudii Ptolemaei-Geographia, ed. Carolus F. A. Nobbe, Lipsiae, 1843
http://books.google.pt/books?id=4ksBAAAAMAAJ&printsec=frontcover&dq=editions:0rV4KeZ7-VQMtBfy#PPR3,M1
Fontes Hispaniae Antiquae, ed. A. Schulten e J. Maluquer de Motes, VII, Barcelona 1987
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