Autor: Heitor Baptista Pato
viernes, 16 de noviembre de 2007
Sección: Artículos generales
Información publicada por: HPato


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A serra de Sintra (Portugal): cultos à Lua, ao Sol e a Saturno

A serra de Sintra e o cabo da Roca - que assinalam o verdadeiro finis terræ do continente europeu - foram palco, desde tempos pré-históricos, de cultos astrolátricos que se prolongaram durante o período fenício-púnico e a dominação romana.

Estrabão menciona que os povos celtiberos ofereciam sacrifícios a um "deus sem nome", ao qual nas noites de lua cheia dedicavam danças colectivas até ao amanhecer: "Dizem alguns que os Calaicos não têm nenhum deus, mas os Celtibérios e os seus vizinhos do Norte oferecem sacrifícios a um deus sem nome nas fases da lua cheia, durante a noite, em frente às portas das suas casas, e todas as famílias dançam em coro durante toda a noite" (5, Livro III, Cap. IV, 16).

Este aparente culto astrolátrico dedicado à Lua em tempos pré-históricos - e que prosseguiu ao longo dos séculos, com a Igreja medieval a condenar repetidamente o uso de amuletos em forma de lua - parece ter atingido grande vigor na Serra de Sintra, que termina no Cabo da Roca e marca assim o ponto mais ocidental do continente europeu.

O culto lunar

A extrema frequência com que se encontram lúnulas de calcário, isto é, placas em forma de crescente lunar, nas necrópoles da zona de Sintra - como em Alapraia, Cascais, Praia das Maçãs, Baútas (ver foto: Lúnula de Baútas), Trigache, Carenque ou Folha das Barradas - indicia que a serra teria sido, desde muito cedo, dedicada a uma entidade lunar associada ao culto da Deusa-Mãe. A abundância de lúnulas é de facto muito "característica da área de Sintra (embora tenha também sido identificada em áreas a norte no Cabeço da Arruda e na outra margem do Tejo em Palmela) em antas, tholoi e grutas artificiais" (10, p. 144). De todos os achados até hoje realizados, deve salientar-se o raro ídolo fuselado com a representação de uma lúnula proveniente da gruta artificial da Folha das Barradas e que constitui um caso único em Portugal (ver foto: ídolo da Folha das Barradas).

"A serra de Sintra seria assim um acidente na paisagem que eventualmente simbolizava o ventre materno, a própria terra na sua relação calendárica com a Lua", escreve Paulo Pereira (7, vol. VI, p. 130). "O culto lunar e da Grande Deusa centrava-se assim na serra que constituía um ponto de referência na geografia sagrada da península de Lisboa, sendo quase certa a realização de observações siderais em função dos ciclos lunares por parte dos neolíticos e dos calcolíticos que aqui habitavam."

As lúnulas poderiam estar secundariamente relacionadas com um culto prestado a bovinos, cujos cornos simbolizam o crescente lunar, e que assim surgem associados à Deusa-Mãe. Pequenas esculturas votivas de roedores, como lebres e coelhos esculpidos em osso ou pedra e por vezes geminados pelas patas traseiras, também muito frequentes nesta zona de Sintra mas ocorrendo igualmente no Alentejo (ver foto: Escultura de coelho do Olival da Pega), têm associações antigas com a Lua e ligam-se ao culto da fertilidade. Recordo que entre os antigos celtas a deusa da fertilidade Eostre (origem da palavra inglesa Easter, ou Páscoa) era festejada na Primavera, em noite de lua cheia, sendo o coelho ou lebre um dos seus atributos; o popular "coelho da Páscoa", que os celtas julgavam ver representado na Lua, é assim uma revivescência da deusa Eoestre. Por outro lado, o termo sânscrito "cacin", que designa a Lua, significa "aquilo que está marcado pela lebre", tradição que aliás ocorre também na China, África, México, América do Norte e Europa.

Assinale-se ainda, a título de especulação, que o radical "Car" - presente em vários topónimos da península de Lisba, como Carnaxide, Carcavelos, Carnide, Carriche, Carenque, Carapeniques ou Barcarena - poderia estar ligado à deusa Car ou Kar, que estará na origem do nome Cartago, avatar da Grande Deusa mediterrânica cultuada no que são hoje territórios da Tunísia, da Líbia e do Sahará algeriano e associada à lua: o seu nome descrevia o carro em que ela transportava o satélite da Terra durante a noite. Outros autores dão para "Car" - e "Carca" ou "Garg" - uma origem mais antiga, significando "pedra".

À grande deusa da pré-história, cujo culto anterior às inovações trazidas pela cultura indo-europeia se reporta aos grandes ciclos vitais da Terra (sementeiras/colheitas) e ao ciclos lunar e da fecundidade (fases da lua/menstruação), ligavam-se ainda práticas ofiolátricas (mundo subterrâneo da morte/renascimento); e talvez por isso Avieno designasse por "cabo Ofiússa" - terra de serpentes - o promontório sacro da Roca.

Culto solar

A serra de Sintra terá sido igualmente palco de cultos solares. Estes cultos helíacos estão subentendidos numa das possíveis etimologias para o topónimo Sintra, através do radical indoeuropeu Sun, ou Sol (Suntria>Sintra). De acordo com outras etimologias, Sintra seria proveniente de Cynthia, nome dado à deusa Diana (deusa da lua) por ter nascido no monte Cynthos, em Delos.
As gravuras rupestres do Magoito - zona muito próxima do Cabo da Roca - de época paleolítica, também conhecidas por "Laje Erguida", descobertas em 1985 e pouco depois destruídas, parecem indicá-lo: trata-se de um bloco com uma figura antropomórfica fálica, orante, de braços erguidos e apresentando círculos que representam provavelmente o sol, para além de várias linhas e traços, bem como depressões circulares.

Cito a propósito um texto de Antonio Beltrán: "Es elemento fundamental el hombre orante con sumaria indicación del cuerpo, de forma cuadrada y del sexo, los brazos doblados en actitud de orante las manos terminadas en dedos o podría ser en rayos como los que hallamos en los Estrechos de Albalate (Teruel) y otros lugares. Parece claro que una linea curvada y profunda separa el hombre y los demás trazos entre los que hay dos claros soles con radios interiores y en posiciones dificilmente conectables. En parte baja doce líneas horizontales paralelas pueden ser interpretadas como olas marinas y en la más alta hay una cubeta rectangular y muy honda, varios surcos de comunicación que en la parte central cortan las lineas horizontales supuestas olas y las nombradas cazoletas. Podría pensarse en una fase del grabado dominada por los temas astraes, esencialmente solares, que podrían relacionarse con los mitos nombrados por Estrabón o las supersticiones de Bruto. Pero tales grabados se abrían completado más tarde con un esquema en el que desempeñan papel primordial cavidades comunicadas muy semejantes a las que se encuentran en las islas Canarias, especialmente en Lanzarote y Gran Canaria, con el nombre de «queseras» y que deben ser lugares para ritos en relación con el agua. Sería extraordinariamente atrevido pensar en que estuviésemos ante una piedra de sacrificios semejante a las del santuario de Panoias, pero las semejanzas com Canarias o en Yecla (Murcia y con los grabados de Chilo en Lunpiaque (Zaragoza) parecen evidentes. No obstante todo esto es hipotético, como las comparaciones con los petroglifos del norte de la isla de la Palma, en Canarias, donde los grabados se relacionan com el sol y la lluvia, orientados astronómicamente y en los acantilados del norte de la isla y dispuestos de suerte que se hacen especialmente visibles con el ocaso solar, combinándose con la situación del islote o roque de Santo Domingo, en el que incide el sol al ponerse." (2, pág. 15)

O culto a Baal/Saturno

Sobre o cabo da Roca e a escassos metros da ermida de Nossa Senhora da Peninha situa-se a ermida medieval dedicada a São Saturnino - conhecido em Espanha como San Serenín, San Serní, San Cernin, San Zadornil, Sant Sadurní, San Sadurniño ou, em galego, Sam Sadurninho - que constitui a mais antiga cristianização do sacro promontório da Roca.

Para alguns autores, esta invocação de São Saturnino poderia indiciar a existência, naquele local ou nas proximidades, de um antigo templo dedicado ao deus romano Saturno. Trata-se de uma hipótese até hoje sem qualquer comprovação arqueológica, mas certamente interessante, sobretudo se relacionada com o antecessor semítico de Cronos/Saturno, o deus Baal (título que significa "Senhor" ou "Deus", equivalente ao hebraico Adon, "Senhor", e Adonai, "meu Senhor"), que disputou com Yahvé a primazia das antigas crenças judaicas. Entre os fenícios de Cartago, o grande deus púnico Baal-Hammon representava o princípio masculino da luz, do fogo e do calor, mas também da fertilidade agrícola e da renovação das energias, sempre associado e muitas vezes representado por um touro, que lhe era consagrado e sacrificado; e, numa "coincidência" que poderá ser muito mais do que isso, o touro representa um papel central na hagiografia de São Saturnino...

Saliento, também, que o Baal púnico venerado em Cartago e em toda a sua zona de influência era usualmente representado através de um crescente lunar, a que por vezes se associava um símbolo do sol, assim figurando em inúmeras estelas votivas estudadas no norte de África (12, p. 403) (ver foto: Estelas de Baal). Ora, esta aparente ligação com as astrolatrias solares e lunares na serra de Sintra, de origem pré-histórica, sugere a hipótese de as populações fenício-púnicas as haverem adaptado aqui ao seu próprio universo religioso; mais tarde, os povos romanos tê-las-iam por seu turno submetido a um outro processo de interpretatio, assegurando assim a revivescência actualizada de cultos imemoriais.

Parece-me desnecessário frisar que os bem conhecidos contactos entre a Península Ibérica e o mundo mediterrânico, a partir do período do Bronze final, se desenvolveram extraordinariamente após o séc. VIII a.C., com os navegadores fenícios a estabelecer trocas comerciais regulares através de circuitos marítimos, fluviais e terrestres. A presença fenícia, e mais tarde púnica, está bem documentada nos grandes rios da fachada atlântica peninsular, na zona dos estuários do Sado e do Tejo, bem como na região costeira do Mondego ao Douro, locais largamente frequentados por populações de origem oriental em busca dos ambicionados recursos metalíferos (1).

Por outro lado, a deusa Ishtar-Astarté, a Tanit dos cartagineses e a Astoret da Bíblia, constituía a contrapartida feminina de Baal, sendo o crescente lunar um dos seus atributos. Protectora e estrela-guia de marinheiros e viajantes, o seu culto foi levado a todos os locais por onde os fenícios passaram ou se instalaram, sendo especialmente venerada em templos e grutas situados sobre os altos montes e falésias.

A possibilidade de as populações fenícias e púnicas terem (re)sacralizado a serra de Sintra e o seu promontório antes da dominação romana fora já levantada por Leite de Vasconcelos: "Se o culto da Lua na Serra de Sintra provém já de epochas mais remotas do que aquella de que estou tratando, ou se ha de ver-se nelle influencia phenicia, eis o que não posso decidir. Não seria para estranhar que os Phenicios, povo eminentemente navegador, ahi tivessem um santuario com a invocação da Lua, como de certo os tinham no Sacro Promontorio em honra de outros deuses: em tal caso o respectivo nome da divindade seria Astarte, deusa semitica da lua e do oceano (...)" (11, vol. II, p. 218); ou a divindade Baal/Saturno, como acontece precisamente no extremo sul-ocidental da Península, na zona dos cabos de Sagres e S. Vicente, ou mais a norte, nas Berlengas.

O cabo da Roca não poderia, pela sua clara importância geográfica, ter deixado de suscitar forte temor e veneração aos marinheiros fenícios e cartagineses que por ele passaram, a caminho do Norte; a hipótese de ali terem erguido um local de culto dedicado a Astarté ou a Baal-Saturno é, por isso, muito verosímil. Paulo Pereira salienta, a este propósito: "É certo que o local, de onde se avista todo o arco da barra do Tejo, deveria ter sido precedido por um santuário pré-histórico cuja memória se perdeu nesta humilde capela. O invulgar orago remete para cultos saturnianos, em tudo semelhantes aos que se podem encontrar nos cabos de Sagres e de São Vicente, estes dedicados também a divindades saturnianas ou ligadas ao Tempo, entendido como ciclo e sucessão vital face à disposição astral dos corpos celestes - neste caso o Sol poente (Baal, Hércules, Kronos, Saturno). Será pois uma manifestação típica dos cultos das finisterras, neste caso a do próprio cabo da Roca, que dali se avista" (7, vol. V, p. 93).

Eis uma hipótese a considerar, e que só futuras investigações poderão confirmar ou infirmar.

O templo romano do Sol e da Lua

Este antiquíssimo culto astrolátrico perpetuou-se até épocas mais recentes, nomeadamente no período da dominação romana.

Já no término de Colares, no Alto da Vigia, junto à ribeira do mesmo nome, na foz do rio de Maçãs, existiu outrora um grande santuário dedicado ao Sol e à Lua e ao culto imperial, datável dos sécs. II-III d. C., mas de que no séc. XVI já só se viam esparsas ruínas. Na época, o recinto circular do santuário (talvez um templo, talvez um simples témenos, ou espaço sagrado ao ar livre) erguia-se sobre uma elevação rochosa que avançava pelo mar, até aos 40 metros de altitude, e que assim constituía um pequeno promontório.

O monumento é conhecido desde 1505 através da descoberta, por Valentim Fernandes ou Valentim de Morávia, de três aras consagradas a Soli et Lunæ, Soli Æterno Lunæ e Soli Æterno, que descreve como sendo "três colunas de pedra cortadas em forma de prisma, com uma grande quantidade de letras (...) incisa nos respectivos pedestais" e que se encontravam implantadas nos restos de uma forte estrutura (9, p. 235). Valentim Fernandes foi um tipógrafo e coleccionador de origem germânica (Morávia), amigo de Dürer, que se estabeleceu em Portugal em finais do séc. XV, entrando ao serviço da rainha D. Leonor, mulher de D. João II. Foi um dos mais importantes tipógrafos da sua época.

O humanista André de Resende estudou-o na sua célebre obra "De Antiquitatibus Lusitaniæ", publicada em 1593 (mas composta trinta anos antes): "Junto ao sopé da serra, mesmo no cimo do promontório, que é cortado abruptamente sobre o oceano, existiu outrora um templo consagrado ao Sol e à Lua, do qual agora apenas existem ruínas nas areias do litoral e cipos, alguns com inscrições reveladoras da antiga superstição." (8, p. 98).

De acordo com André de Resende, lê-se na primeira inscrição: "Ao Sol e à Lua dedica Céstio Acídio Perene, Legado Augustal, Propretor da província da Lusitânia". Na segunda inscrição lia-se: "Ao Sol Eterno e à Lua, pela eternidade do império e pela boa saúde do imperador Gaio Septímio Severo, Augusto e Pio, e do imperador César Marco Aurélio Antonino, Augusto, Pio... César, e de Júlia Augusta, mãe de César, dedicam Druso, Valeriano Celiano... e Quinto Júlio Saturnino e António..." André de Resende noticia ainda "um outro cipo enorme, que tem para cima de trinta linhas em letra bastante pequena, mas com o desgaste do tempo e com a água do mar tornou-se de uma tal aspereza que, na primeira linha, a custo se reconhecem quatro letras."

O sábio humanista prossegue: "É aqui o local onde os que fizeram publicar na Alemanha As Inscrições da Antiguidade Sagrada dizem ter sido desenterradas três colunas quadrangulares numa das quais anunciam estar contido o vaticínio da Sibila: "... Voltar-se-ão as pedras e com as letras ordenadas em linha..." Penso que esta profecia é uma mentira e que as três colunas quadrangulares são os três cipos, realmente enormes, de que falei. Eu soube de facto que Valentim da Morávia, o defensor da história, homem de bem e negociante famoso, foi tão ignorante do latim que facilmente poderia ser enganado por um impostor qualquer (...)".

Esta profecia, ou inscrição sibilina, constaria da seguinte legenda: "SIBILL. VATICINIUM OCCI | DIIS DECRETVM | VOLVENTVR SAXA LITERIS ET ORDINE RECTIS | CVM VIDEAS OCCIDENS ORIENTIS OPES. | GANGES INDVS TAGVS ERIT MIRABILE VISV | MERCES COMMVTABIT SVAS VTERQ. SIBI. | SOLI AETERNO | AC LVNÆ DECRETVM" (74, nota p. 244). A inscrição, e a sua tradução, foram sendo alteradas por vários autores. Frei Bernardo de Brito, na sua "Monarquia Lusitana" (3, Livro I, Cap. XII), traduzia do seguinte modo: "Será cousa maravilhosa ver o Rio Ganges, o Indo e o Tejo comunicar entre si as riquezas que cada um cria". A suposta profecia sibilina vaticinaria, assim, o futuro Império Português do Oriente... à distância de vários séculos! Apesar de desmentida por vários estudiosos, a verdade é que os monjes jerónimos do convento de Nossa Senhora da Pena ainda no séc XVIII divulgavam o mito, de acordo com o relato de John D. Breval, que viajou em Portugal e Espanha por três vezes entre 1708 e 1716 (17, p. 277).

O único testemunho visual do santuário que chegou aos nossos dias ficou a dever-se a Francisco de Holanda, que o desenhou de forma provavelmente imaginativa (ver foto: Templo do Sol e da Lua). Aquela figura cimeira do Renascimento português conhecia bem os arredores de Sintra, já que desde jovem os percorrera na companhia do Infante D. Luís, Duque de Beja, filho segundo do Rei D. Manuel I. Numa dessas expedições de antiquário, por ele próprio recordada e certamente realizada no Verão de 1543, ano em que a corte de D. João III fez a sua primeira estada na vila, o Infante mandou-o chamar a Lisboa para irem juntos examinar as estranhas ruínas descobertas alguns anos antes (6, p. 623).

Francisco de Holanda incluiu o desenho do santuário na obra "Da Fábrica que Faleçe ha Çidade de Lysboa", em 1571, e descreveu o santuário como "hu çirculo ao redor cheo de çipos memorias dos Eperadores de Roma" (ver foto: Santuário do Sol e da Lua). Tratar-se-ia de um recinto circular implantado sobre uma plataforma de terra, sobre a qual se distribuíam 16 aras prismáticas, organizadas a espaços regulares; ao centro vê-se um disco solar raiado, que talvez tivesse sido feito em mosaico, parecendo ter à sua esquerda um crescente lunar. Todavia, não é de excluir a hipótese de o desenho de Francisco de Holanda ser apenas aproximativo: as aras poderiam ser simples bases, ou socos, de uma colunata ou de estátuas, e ser apenas em número de doze, o que permitiria supor um carácter astrológico do santuário.

Referindo-se a este importante santuário da época romana - que sinalizaria talvez um espaço sagrado muito anterior - Cardim Ribeiro sublinha: "Estamos claramente perante uma intencional forma de sincretismo entre um culto de cariz astral e o culto imperial, operada num santuário carregado de simbolismos pela sua singular localização geográfica e, porventura, também herdeiro de remotas tradiçõesreligiosas regionais, quer ligadas ao ciclo solar, quer à ancestral deusa lunar e salutífera que, de noite, vaguearia pelas penedias e pelos densos bosques do monte Sagrado, da Serra da Lua" (9, p. 236).

BIBLIOGRAFIA

(1) ARRUDA, Ana Margarida - Los Fenicios en Portugal. Fenicios y mundo indigena en el centro y sur de Portugal (siglos VIII-VI a.C.), in Cuadernos de Arqueología Mediterránea, vol. V VI, Barcelona, Universitat Pompeu Fabra, 1999-2000
(2) BELTRÁN, Antonio - El arte rupestre del noroeste español y las corrientes culturales entre el Atlantico, la Meseta y el Mediterraneo, in Revista de Guimarães, nº 105, 1995
(3) BRITO, Frei Bernardo de - Monarchia Lusytana, Lisboa, Pedro Craesbeeck, 1632
(4) CANTO, Alícia Maria - Los viajes del caballero inglés John Breval a España y Portugal: novedades arqueológicas y epigráficas de 1726, in Revista Portuguesa de Arqueologia, vol. 7, Lisboa, 2004
(5) ESTRABÃO - Geographia, http://penelope.uchicago.edu/
Thayer/E/Gazetteer/Periods/ Roman/_Texts/home.html
(6) MOREIRA, Rafael - Novos dados sobre Francisco de Holanda, separata da revista Sintria, vols. I-II, 1982/1983
(7) PEREIRA, Paulo - Enigmas. Lugares Mágicos de Portugal, Lisboa, Círculo de Leitores, 2005
(8) RESENDE, André de - As Antiguidades da Lusitânia (ed. de R. M. Rosado Fernandes), Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1996
(9) RIBEIRO, Cardim - Soli Æterno Lunæ. O Santuário, in Religiões da Lvsitânia-Loquuntur Saxa, Lisboa, Museu Nacional de Arqueologia, 2002
(10) SOUSA, Ana Catarina - Sítios de habitat e espaços do sagrado, in O Neolítico Final e o Calcolítico na área de Cheleiros, Trabalhos de Arqueologia, nº 11, Instituto Português de Arqueologia, 1998
(11) VASCONCELOS, J. Leite de - Religiões da Lusitânia, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1989
(12) WILSON, Andrew - Romanizing Baal: the art of Saturn worship in North Africa, in Proceedings of the 8th International Colloquium on Problems of Roman Provincial Art (Zagreb 2003), Opuscula archeologica: Dissertationes et Monographiae, Zagreb, 2005




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