Autor: Jorge de Alarcão
martes, 11 de marzo de 2008
Sección: Historia Antigua
Información publicada por: bracarense
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Novas perspectivas sobre os Lusitanos (e outros mundos)

Sumário

O nome de Lusitani seria um colectivo que englobaria diversos populi. Propõem-se aqui os nomes e localizações desses populi, uns em território actualmente português, outros na província espanhola de Cáceres. Examina-se a religião dos Lusitani, que os identifica como um conjunto etnicamente afim e todavia distinto dos Callaeci do Noroeste peninsular. Atribui-se ao Bronze Final a chegada dos Lusitani.
Distinguem-se também os Lusitani, dos Kounéoi, que se situam no curso actualmente espanhol do Guadiana e examina-se a organização social dos Kounéoi nos séculos IX-VII a.C. a partir de uma reinterpretação do significado simbólico das estelas extremeñas.
Conclui-se com um ensaio sobre as razões do belicismo lusitano.

Conclusão

O nome Lusitani é certamente um etnónimo colectivo. Procurámos identificar os diferentes populi que integrariam essa “nação”, à qual Estrabão (III, 3, 3) chama a maior das ibéricas a norte do Tejo.
Os cultos surgiram-nos como elementos de identificação possível. Para além de adorarem Bandus, Nabia e Reve, que eram divindades comuns aos Callaeci, os Lusitani adoravam Arentius/Arentia, Quangeius e Trebarunis. A presença destas divindades também na província de Cáceres levou-nos a estender os Lusitani para aquela região e, numa inscrição de Alconétar, julgamos poder ver o nome dos populi lusitanos fixados em território actualmente espanhol.
A ausência de divindades lusitanas entre os Interamnienses, Aravi, Meidubrigenses, Arabrigenses, Coilarni, Paesuri e Banienses leva-nos a abandonar a hipótese, que noutro tempo propusemos, de que os populi mencionados na inscrição da ponte de Alcântara se integravam, todos, no grupo dos Lusitani.
Um dos pontos mais controversos do nosso trabalho é, certamente, a defesa de uma origem transpirenaica dos Lusitani e de uma invasão ocorrida no início do Bronze Final. Mas não vemos, no território que atribuímos aos Lusitani, um fundo populacional do Bronze Inicial ou Médio do qual se possam ter formado, por evolução interna, os Lusitani.
Paralelo ao movimento que terá trazido os Lusitani, outro terá instalado os Callaeci e os povos da Beira central. No Noroeste peninsular, a trama histórico-arqueológica é muito mais complexa, porque os invasores encontraram aí uma população autóctone eventualmente até densa, cujas tradições culturais se poderão ter mantido ainda por muito tempo, numa coexistência de culturas.
A nossa hipótese de uma imigração, repondo antigas teses de Bosch-Gimpera, Santa Olalla e M. Almagro, assenta, pois, em grande parte, no que respeita à Beira interior portuguesa, numa ausência de populações durante o Bronze Inicial e Médio, ausência que pode derivar simplesmente de um ainda não-conhecimento do que futuros achados ou escavações poderão vir a revelar. E, no que concerne ao Noroeste, numa diversidade ou multiplicidade cultural que parece difícil de explicar por paradigma de adaptação a diferentes ambientes e se afigura entendível em termos de um estrato autóctone e de uma população imigrante.
Não podemos, porém, e no que diz respeito à data da suposta invasão, ignorar um dado: as escavações de Raquel Vilaça na Beira interior (Vilaça, 1995) revelaram povoados abandonados no século VIII a.C. Isso levou-nos a pensar, primeiro, numa instalação dos Lusitani exactamente no século VIII. Se agora recuamos a cronologia da invasão, deixamos sem explicação essa aparente “ruptura” do século VIII. Que terá sucedido à população dessas aldeias abandonadas? Ter-se-á dispersado por casais? Ter-se-á concentrado em povoados maiores?
Também a hipótese de uma imigração e instalação dos Lusitani no séc. XIII a.C. não tem de exigir, necessariamente, uma origem imediatamente transpirenaica, embora tenha sido essa a tese defendida. E ficaram por explicar satisfatoriamente as razões que terão levado à emigração a partir da área transpirenaica, bem como os motivos que detiveram os Lusitani na linha do Zêzere (se efectivamente os Elbocori foram os mais ocidentais dos Lusitani). E que se terá passado a ocidente dos Calontienses e no Nordeste alentejano, área sobre a qual conhecemos tão pouco? E, finalmente, mas talvez mais importante que tudo, como explicar a raridade dos vestígios do Bronze Final na área que atribuímos aos Coerenses e Caluri? Simples falta de prospecção?


Artigo completo em: Revista Portuguesa de Arqueologia, volume 4, número 2, 2001

>> http://www.ipa.min-cultura.pt/pubs/RPA/v4n2/folder/293-350.pdf

Más informacióen en: http://www.ipa.min-cultura.pt/pubs/RPA/v4n2/folder/293-350.pdf


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