Autor: bracarense
viernes, 29 de abril de 2005
Sección: Artículos generales
Información publicada por: bracarense


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Barco Poveiro

O barco poveiro constituía o tipo de embarcação tradicional de todas as «colmeias» pescadeiras nortenhas (Caminha, Âncora, Viana do Castelo, Esposende-Fão, Póvoa de Varzim, Vila do Conde-Azurara, Matosinhos, Foz do Douro, Valbom) e as suas ramificações para sul (Buarcos, Gala). Ainda que construído segundo o sistema skeleton technique + carvel building, na linha geral da progressiva influência mediterrânica sobre os estaleiros das costas atlânticas, a configuração do seu casco revela-nos uma ascendência nórdica: barco de quilha, com a roda de proa bem lançada, constratando com o cadaste recto, muito pouco inclinado; formas robustas, francamente atenuadas pelos delgados de proa e popa, e maior pontal à frente; eis os principais aspectos que o integram numa estirpe em que figuram a lanche (Bretanha), o lerret (Grã-Bretanha), alguns modelos da Dinamarca e da Suécia e os representados nas pinturas das igrejas de Fide e Kalmar.

Estas aproximações ficam reforçadas pela índole das referidas colmeias pescadeiras, com destaque para a da Póvoa de Varzim, a que melhor e mais tempo conservou intactos os seus costumes: fechada sobre si, praticando a endogamia (casamentos extensivos às «colónias» afins), cultivando o maior desprezo pelos terrícolas, regia-se por leis e preceitos próprios sob a orientação dos «homens de respeito»; vivendo em exclusivo da pesca, estruturava-se por classes dentro da profissão exercida sob fórmulas associativas. O uso comum de marcas de família, também iguais às dos pescadores escandinavos; o sistema de herança a favor do filho mais novo, como na Bretanha e na Dinamarca; os próprios dados antropológicos, formam um conjunto de indicadores, complementares dos próprios barcos, favoráveis à hipótese de estarmos perante os resultados de uma «invasão» (pacífica) de pescadores nórdicos, chegados ao Noroeste Peninsular através de uma escala «natural» - a Bretanha; o que poderia ter acontecido na fase do repovoamento litoral e reorganização das pescas marítimas que se seguiu ao período das investidas normandas e sarracenas.

A decoração do barco poveiro tinha por motivo central a «invocação» do(s) santo(s) patrono(s); e à popa e proa as pinturas de siglas, símbolos religiosos, figuras de objectos, aves, peixes, etc., que tinham como objectivo a identificação do barco à distância, para tudo se encontrar a postos na praia quando ele regressasse da dura faina da pesca.

Marcas de família

As marcas de família, constituídas por siglas, são reconhecidas por todos os pescadores da «colmeia» - e pela capitania - como marcas de posse dos objectos onde estão apostas. O sistema de transmissão destas marcas é sempre o mesmo: à marca do pai, os filhos vão juntando um sinal (comum a todos) indicativo da situação de 1º filho, 2º, 3º, ...; o filho mais novo herda o património paterno, incluindo a marca sem modificações. Este costume andará ligado ao facto de o último filho estar em condições de ser mestre de uma lancha na altura em que o pai entra numa fase de vida que recomenda trabalho mais leve. As siglas são em geral esquematizações de objecos, animais, plantas, por vezes relacionados até com símbolos de protecção mágico-religiosa.


Comentarios

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  1. #1 Caucenos 02 de sep. 2005

    Gostaria de ter bibliografia sobre os barcos e as siglas poveiras. É possível contactar o autor deste artigo através da celtiberia.net? Como?

  2. Hay 1 comentarios.
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